OPINIÃO
RAUL CORRÊA DA SILVA
NÃO HÁ RECESSÃO QUE RESISTA À
CRIATIVIDADE E AO CONHECIMENTO
Presidente da BDO, uma das Big 5 do setor de auditoria e consultoria
N
22 | Revista SESVESP
as últimas décadas, percebemos que a
palavra crise permeia as informações
dos principais veículos de comunicação
e coloca em alerta quase toda a sociedade. Sejam os personagens empresários, assalariados
ou governantes, entre todos eles é criado um
clima de pessimismo e de terror, que passa a
nortear desde as ações mais simples, em nível
pessoal, até as decisões macroeconômicas de
países ou blocos econômicos.
Diferentemente dos países que alternaram a
liderança do planeta nos últimos séculos, muitas nações fora do eixo América do Norte e Europa acostumaram-se mais a conviver com esses resultados adversos da economia. Ou seja,
em seus mais de 500 anos de história, o Brasil
e sua população viveram muito mais momentos de crises de diversos tipos do que os europeus e norte-americanos. Por isso, nós não
só estamos mais acostumados, como temos
maior expertise em lidar com essa realidade.
Se olharmos para os últimos anos da história da humanidade e do país, listaremos
inúmeras crises que abateram as economias.
No Brasil, a relação de eventos parece ser
um pouco extensa, mas também pontuamos
impactos em países isoladamente ou mesmo
em eventos globais. Na última década, a migração da imensa população campesina chinesa para os grandes centros urbanos provocou uma reviravolta na ordem mundial até
então estabelecida.
Mas como os pequenos e médios empresários podem tirar lições dessa realidade
quando se sentem intimidados por uma situação desconfortável de aumento de impostos e redução do crédito e do consumo?
Neste momento, uma reação proativa é indispensável. Se estamos no meio de um mar
de incertezas e uma onda de pessimismo
vem em nossa direção, há apenas duas soluções: deixar-nos levar ao fundo por ela ou
improvisarmos uma manobra que nos permita surfá-la e chegarmos ao topo.
Precisamos levantar e compreender que a
melhor forma é expandir ao máximo, tentar
oportunidades lá fora, e não esperar passivamente que as coisas melhorem. Nesta situação, o investimento é fundamental para
o trabalho das pequenas e médias empresas
(PMEs), e somente dessa forma o país ultrapassará a crise. Vale lembrar que o middle
market é o termômetro e representa a parcela mais significativa de vários segmentos
da economia nacional. A soma dos pequenos
torna a economia dinâmica.
Um dos ingredientes dessa fórmula, que
nada tem de excepcional nem de mágica, é a
criatividade. E essa é uma característica que
o brasileiro exerce com plenitude.
O empresariado, em especial, também está
acostum