Revista Sesvesp Ed. 122 - 2015 | Page 22

OPINIÃO HUGO AMANO CRISE ECONÔMICA E TRIBUTOS Especialista na área tributária da BDO ano de 2015 tem sido pautado por grandes desafios para o Brasil, pois o cenário desenhado não está nada favorável. Inflação acima de 8% (base mar/15), elevação da Selic, projeção de “crescimento negativo” do PIB, redução do crédito, ajustes fiscais e a valorização do dólar que afeta diretamente as empresas importadoras ou financiadas pelo exterior. Além das influências econômicas, não são poucas as discussões políticas e sociais com os desdobramentos da Operação Lava-Jato. Para manter a competitividade em um mercado tão árduo, as empresas também têm de se adequar a essa nova realidade. Temos visto demissões em massa, redução de despesas e custos e corte de investimentos, mas nem todas as corporações estão focadas em reduzir o pagamento dos tributos devidos em sua operação. As empresas devem fazer um diagnóstico da sua área tributária a fim de verificar se não há nenhuma oportunidade a ser aproveitada, como créditos de PIS, Cofins ou ICMS. Planejamentos tributários e reestruturações societárias, em plena conformidade com a lei, também são bemvindos e podem melhorar o desempenho da empresa em um contexto tão desafiador. Queda nas vendas, extensão do prazo de recebimento e calote de clientes. Será que pode acontecer mais alguma coisa de ruim? Há um ditado que diz: “Nada é tão ruim que não possa piorar”. E realmente pode piorar se, diante deste já cinzento cenário, aparecer o Fisco com um auto de infração. A Receita Federal do Brasil arrecadou, em 2014, mais de R$ 150 bilhões em autuações e estima arrecadar quase R$ 158 bilhões em 2015, sendo que os 46 mil contribuintes que serão fiscalizados durante este ano já estão todos identificados. O 22 | Revista SESVESP O Fisco consegue realizar o cruzamento eletrônico de dados das informações enviadas pelas empresas nas diversas obrigações acessórias de forma eficiente e com muita velocidade. Por exemplo, uma informação do SPED Fiscal será cruzada com a EFD Contribuições, que por sua vez pode ser cruzada com a ECD (SPED Contábil). Nossa experiência mostra que, em 100% das empresas e obrigações acessórias analisadas, os arquivos foram enviados com as informações incorretas ou inconsistentes, sendo que, em alguns casos, esses erros já poderiam ser um indício para que o Fisco iniciasse uma fiscalização. A própria Receita Federal deixa claro, em seu Plano Anual de Fiscalização de 2015, que esse cruzamento intenso de dados é um dos motivos para o crescimento das autuações e um indicativo das futuras fiscalizações. Cabe ressaltar que, além da Receita Federal, temos outros órgãos arrecadadores dos estados e municípios que também fazem suas lições de casa e podem ser uma visita indesejada a qualquer momento. Portanto, além das oportunidades ou créditos tributários, as companhias devem prestar muita atenção e certificar que não há nenhum passivo oculto em sua operação, sendo muito cautelosas com as informações que são d ]