Revista Sesvesp Ed. 116 - 2014 | Page 25

NOTÍCIAS Reforma das leis trabalhistas deve servir para elevar competitividade M odernizar a legislação trabalhista consiste em eliminar entraves burocráticos e criar leis específicas que permitam aumentar a competitividade e o diálogo entre patrões e empregados. “Deveríamos ter pouca legislação e muita negociação”, defendeu o ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianotto, no Seminário Trabalhista que a Amcham – São Paulo promoveu no dia 25 de fevereiro passado. No debate, dois sindicatos do setor de serviços, um patronal e outro de trabalhadores, defenderam o estabelecimento de uma regulação para a atividade de terceirização. “Depois de tantos anos de atividade, encontrei um sindicato patronal e outro profissional que não estão em conflito e querem a mesma coisa: uma lei que retire da semi-clandestinidade a terceirização (de serviços) e que contribua para a redução dos processos trabalhistas e condenações.” Para o ex-ministro, a legislação precisa parar de tratar os trabalhadores como “incapazes”. “Quando criaram a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], usaram como princípio que todo trabalhador é um relativo incapaz. Que somos hipossuficientes e não temos discernimento”, critica. Gabriel Rico, CEO da Amcham, aponta que, entre 2000 a 2012, cerca de 25 milhões de ações trabalhistas foram ajuizadas, o que corresponde a uma média de 2,5 milhões de ações por ano. “É chocante ter que convencer uma empresa a investir no Brasil quando ela se dá conta dessa quantidade de ações em que ela, inevitavelmente, será envolvida”, comenta Rico. O montante de questionamentos jurídicos vai se traduzir em passivos trabalhistas, valores que as empresas serão obrigadas a provisionar nos balanços. “Tudo isso afeta o valor in- ternacional de mercado das multinacionais”, acrescenta o CEO. Autonomia em relação ao Judiciário A insegurança jurídica que paira sobre os acordos negociados pelas empresas diretamente com os sindicatos de trabalhadores prejudica a relação entre patrões e empregados. “A lei diz que todo trabalhador tem direitos e deveres. Ela também deveria deixar as empresas livres para fazer negociações de acordo com suas necessidades e conveniências”, defende Eduardo Barros, diretor jurídico da Volkswagen. O executivo também é presidente do Comitê Estratégico de Diretores e Vice-presidentes Jurídicos da Amcham - São Paulo. A terceirização da mão de obra A terceirização de serviços é um dos segmentos da economia que mais gera empregos, mas a falta de legislação específica para a atividade é um dos principais entraves de crescimento. O setor público, que contrata grande parte dos serviços terceirizados, deveria ter uma regulação mais favorável ao setor, defende Vander Morales, presidente do SINDEPRESTEM (Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão-de-Obra e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo). A Lei 8.666/1993 [que regula a compra de serviços pelo setor público] tem brechas que acabam dificultando a atividade de terceirização. “Ela determina que se contrate pelo menor preço nos pregões eletrônicos. Aí, criam-se empresas para concorrer em licitações que n