Revista Sesvesp Ed. 111 - janeiro / fevereiro 2013 | Página 3

EDITORIAL Empresário paga muito caro ao trabalhar pelo País O José Adir Loiola Presidente do SESVESP No caso da segurança privada, além de suportar toda essa carga pesada que a JT joga em nossas costas, temos de conviver com uma legislação cada vez mais draconiana, que ameaça a sobrevivência das empresas.” empresário brasileiro é um delinqüente, pois tem a ousadia de investir seu dinheiro para abrir uma empresa, por ajudar a girar a roda da fortuna do País, por favorecer a felicidade de milhões e milhões de famílias ao criar mais empregos para os trabalhadores. O empresário brasileiro tem de pagar muito caro por isso, por ser honesto e empreendedor, em sua grande maioria, e por dar sua contribuição ao desenvolvimento econômico e social da nação. E quem põe no empresário o rótulo de delinqüente é a Justiça do Trabalho, ao partir do princípio enviesado de que a atividade empresarial brasileira foi criada única e exclusivamente para o mal, para escravizar e humilhar seus semelhantes. Com suas decisões descabidas e anacrônicas, essa justiça jamais usa a venda nos olhos, sua balança pende de um lado só, contra as empresas, sob o falso argumento de que protege os trabalhadores. Bobagem: só beneficia maus empregados e maus empregadores. Não se busca o equilíbrio capital/trabalho, com o qual os países de Primeiro Mundo se desenvolveram e enriqueceram. Pelo contrário, a Justiça do Trabalho hoje faz parte desse imenso cipoal de tormentos da vida empresarial brasileira e adiciona insegurança jurídica a outros males, como burocracia infernal, a mais alta carga tributária do mundo e uma legislação atrasada, viciada e cheia de remendos. O Judiciário julga de acordo com a ultrapassada Consolidação das Leis do Trabalho e vira algoz da iniciativa privada. Convém lembrar que a CLT, de 1943, é uma cópia da Carta del Lavoro de Benito Mussolini e aí está com seus remendos há 70 anos, como se o mundo não tivesse mudado um milímetro desde então. Foi remendada ao longo dos anos, isso sim, e para muito pior. Não à toa que a Legislação Trabalhista Brasileira tem mais páginas que a Bíblia. Não basta apenas modernizar as leis tra- balhistas, mas urge uma profunda reforma cultural para fazer avançar essa mentalidade tacanha que ainda emperra um melhor relacionamento entre as empresas e seus colaboradores. Vejamos esses números: o Brasil tem hoje mais de dez milhões de empresários e dificilmente vamos encontrar entre eles, ainda que com três ou quatro empregados, um que não tenha sido chamado como réu na Justiça do Trabalho. E esse empresário já vai sabendo que começa com 70% da causa perdida em razão do viés antiempresarial. Além do mais, maus trabalhadores investem na Justiça do Trabalho como se investe em banco, provocam atritos absurdos para se desligar de empresas com frequência, pois sabem que lá na frente terão assegurada uma poupança com juros, correção monetária e outros benefícios. Em razão de tantas distorções, o Brasil é campeão mundial em número de reclamações trabalhistas, com aproximadamente dois milhões de processos. Compare: o número de processos nos Estados Unidos não passa de 75 mil, na França são 70 mil e no Japão, apenas 2,5 mil. São países ricos, com uma condição social ajustada. É por essas e por outras que o Tribunal Superior do Trabalho quebra mais empresas do que as empresas se quebram entre si com a concorrência. Hoje em dia o empresário investe sem saber o que vai acontecer depois. Não sem motivo, nossa mão de obra se encontra 50% formalizada e a outra metade é informal. No caso da segurança privada, além de suportar toda essa carga pesada que a JT joga em nossas costas, temos de conviver com uma legislação cada vez mais draconiana, que ameaça a sobrevivência das empresas. Tudo o que se inventa vai contra a atividade, como esse adicional de periculosidade impositivo e a insensatez do pagamento em dobro nos fins de semana na jornada 12x36. Mais uma súmula sem sentido do TST. Haja remo para navegar nessa maré. janeiro / fevereiro 2013 |3| Revista SESVESP