Revista Sesvesp Ed. 107 - maio / junho 2012 | Page 3
EDITORIAL
Segurança Privada: Uma
Questão Pública e Privada
N
José Adir Loiola
Presidente do SESVESP
Não que deva ser
obrigatório aos
condomínios, bares
e restaurantes
o emprego
da segurança
privada, mas o
caso dos bancos
deveria servir de
exemplo de como
a prevenção gera
resultado”
otícias sobre os recentes
assaltos a condomínios,
bares e restaurantes dividem a opinião publica
ao questionar a quem de
fato cabe a responsabilidade de garantir a
segurança destes estabelecimentos. Sabe-se
que, atualmente, a violência é um dos grandes problemas da sociedade e os esforços da
segurança pública não têm sido suficientes
para aplacar todos os problemas, ficando
cerceados aos casos mais graves.
Mostra de que o Brasil ainda sangra no
quesito segurança é a taxa de homicídios
de crianças e adolescentes. O Mapa da Violência 2012 revela que de 1981 a 2010, mais
de 176 mil crianças e adolescentes foram
assassinados. A taxa passou de 3,1, na década de 80, para 13,8, em 2010, para cada 100
mil. Muitos são os fatores que contribuem
para o aumento da violência que, inclusive, extrapolam as fronteiras da segurança
pública, mas que continuam sob a égide do
poder público. Desigualdade social, epidemia
de drogas e facilidade de acesso a armas de
fogo geram o cenário favorável.
Se o crime contra pessoas vem aumentando nos últimos anos, contra o patrimônio
cresce incontrolavelmente. O ano de 2012
começou batendo recordes em números de
roubos ao patrimônio, no Estado de São Paulo. O primeiro semestre teve cerca de 4%
mais casos que o mesmo período de 2011.
No ano passado, ao todo foram 1.155.578
ocorrências, 6% a mais que em 2010. Diante deste cenário, é difícil estabelecer quais
devem ser as prioridades da segurança pública. À sociedade civil, parece não restar
alternativa a não ser rezar para não estar
nas estatísticas oficiais.
Sobra ao cidadão, contudo, uma opção
para se prevenir contra as ocorrências: investir em recursos de segurança. Foi a partir
desta necessidade, inclusive, que a atividade de segurança privada surgiu no Brasil,
na década de 60. Na época, a preocupação
era diminuir os assaltos a bancos, principais
alvos do momento, que tiveram de recorrer
aos serviços de empresas de segurança para
diminuir os casos. Atualmente, as instituições financeiras são obrigadas a montar um
plano de segurança, podendo ser multadas
em caso de descumprimento.
Não que deva ser obrigatório aos condomínios, bares e restaurantes o emprego da segurança privada, mas o caso dos bancos deveria
servir de exemplo de como a prevenção gera
resultado, algo que não tem sido levado em
conta por estes estabelecimentos. Nos EUA,
a cultura preventiva já é bastante difundida,
ao contrário do Brasil. Lá a segurança privada
é vista como uma grande parceira da segurança pública, pois desempenha atividades
que a polícia não tem vocação ou recursos
para realizar. Aqui, esta parceria ainda não é
totalmente compreendida, mas é uma realidade que tende a se expandir mundialmente
e o Brasil não está de fora.
Por isso, é importante compreender que
também é papel das instituições privadas garantir um ambiente seguro aos seus clientes.
Condomínios têm de estudar seu espaço físico
para descobrir seus pontos vulneráveis e tomar medidas preventivas adequadas, assim
como devem também contratar profissionais
devidamente qualificados e com boas referências. O mesmo vale para bares, restaurantes, órgãos públicos e demais instituições
privadas. Se houver possibilidade, a melhor
opção é contratar os serviços de uma empresa regular, autorizada pela Polícia Federal.
Não se trata, portanto, de privar o poder
público de suas responsabilidades sobre a
segurança dos cidadãos. Porém, já não se
pode negar que a proteção pessoal e patrimonial são razões pelas quais valem o investimento. Considerando que a segurança
pública não atende aos interesses pessoais
ou particulares, aqueles que não querem
fazer parte das estatísticas precisam, definitivamente, refletir sobre o real valor da
prevenção.
maio / junho 2012
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