Revista Sesvesp Ed. 107 - maio / junho 2012 | Page 10

CASE Pinacoteca do Estado na vanguarda da segurança em instituições culturais A proximidade de eventos internacionais como a Copa e as Olimpíadas agrava a preocupação com a segurança em instituições culturais S egundo o jornal A Relíquia, em reportagem de André Miranda, “na história recente de museus, galerias, bibliotecas, igrejas e até de coleções particulares guardadas em apartamentos, os roubos de obras de arte e bens culturais movimentam um mercado de US$ 6 bilhões e mais de 50 mil peças desaparecidas por ano no mundo. Dados da Association for Research into Crimes against Art (Associação de Pesquisa de Crimes contra a Arte), indicam que esse mercado negro da arte responde pela terceira maior taxa de crescimento entre as atividades criminosas do planeta, atrás apenas dos tráficos de drogas e de armas. A situação pode se agravar ainda mais no Brasil, onde a prática vem ganhando visibilidade graças ao aumento da circulação de bens e de pessoas e à carência de ações mais efetivas em aeroportos e por parte das polícias estaduais. Os casos de roubos de arte vêm se repetindo e aumentando desde o início do século XX, quando o italiano Revista SESVESP |10| maio / junho 2012 Vincenzo Peruggia ganhou notoriedade por se esconder dentro do Louvre em 1911, esperar que o museu parisiense fechasse suas portas e simplesmente furtar a “Monalisa”. O quadro de Leonardo Da Vinci foi recuperado dois anos depois, mas Peruggia entrou para a História e serviu de inspiração para centenas de criminosos nas décadas seguintes. O que ocorreu na Grécia, na madrugada de 9 de janeiro deste ano, portanto, foi a repetição de uma ação infelizmente corriqueira: um número incerto de bandidos invadiu a Galeria Nacional, em Atenas, e levou consigo duas pinturas, uma do espanhol Pablo Picasso e outra do holandês Piet Mondrian. Tudo em apenas sete minutos”. Em fevereiro passado, dois homens encapuzados levaram 68 objetos em cerâmica do Museu de Olímpia, um dos mais importantes da Grécia. O museu tem como espólio artefatos do antigo templo de Zeus, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo, albergando descobertas arqueológicas que datam desde a pré-história Claudio Cecilio de Oliveira, Coordenador de Segurança da Pinacoteca do Estado até o início da era cristã, contendo a maior coleção do mundo de peças em bronze. As peças roubadas têm um valor considerado “incalculável”. Em consequência, o Ministro da Cultura grego renunciou ao cargo. No Brasil, em outubro passado, oito quadros do pintor Alfredo Volpi foram subtraídos da casa de um colecionador no Jardim Europa. E há casos emblemáticos como o roubo do museu Estação Pinacoteca, em 2008, em que os criminosos levaram telas que, juntas, foram avaliadas pela Secretaria Estadual da Cultura em cerca de R$ 1 milhão: duas obras do pintor Pablo Picasso - O pintor e seu modelo (1963) e Minotauro, bebedor e mulheres (1933) -, a gravura Casal (1919), de Lasar Segall, e o quadro Mulheres na janela (1926), de Di Cavalcanti. Elas integravam o acervo da Fundação José e Paulina Nemirovsky e faziam parte do maior conjunto particular de arte moderna no Brasil. Estavam emprestadas por comodato (temporariamente) à Pinacoteca, que não tinha feito seguro contra roubo das obras. Em dezembro de 2007, em três minutos, bandidos levaram do MASP – Museu de Arte de São Paulo os qua-