Revista Sesvesp Ed. 101 - Maio / Junho 2011 | Page 18

Mercado Falta de mão-de-obra afeta empresas e exige mudanças na estratégia de negócio U m estudo recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou dados que revelam a diminuição do desemprego em alguns países em desenvolvimento. A boa notícia é que, pela primeira vez, o Brasil segue na contramão dos países mais desenvolvidos, que sofrem com o fantasma do desemprego estrutural e da instabilidade social. O país apresenta uma taxa de desemprego abaixo da dos países ricos e, pelo menos nas áreas metropolitanas, abaixo da média mundial. Essa inusitada diminuição do desemprego nas economias emergentes é atestada também pela divulgação do número dos novos milhares de postos de trabalho criados na era Lula. Deve-se tomar o cuidado, no entanto, para que não haja apenas um crescimento numérico, mas, sobretudo, gerar crescimento qualitativo. O mercado de trabalho foi um dos últimos a se recuperar da crise, mas o medo de perder o emprego já é passado para os brasileiros. Empresas, comércio e serviços não só voltaram a contratar como faltam trabalhadores com qualificação suficiente para preencher vagas. Empresários e analistas temem a repetição do “apagão de mão-de-obra” de 2008, o que comprometeria o avanço sustentável da economia. Uma estimativa da consultoria LCA, com base no Cadastro Geral de Trabalhadores (Caged) e na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), aponta que o número de brasileiros empregados atingiu 32,28 milhões Revista SESVESP |18| maio / junho 2011 Em Jundiaí, grande pólo industrial do Estado de São Paulo, empresas como o Grupo Ethics precisam se empenhar para manter o nível de qualidade dos serviços em novembro de 2009, 1,1 milhão a mais que em outubro de 2008, antes da crise, quando o problema de falta de mão de obra qualificada era grave. Em dezembro, com a demissão dos temporários contratados para o Natal, caiu para 31,87 milhões, 685 mil a mais que antes da crise. A escassez de mão-de-obra qualificada levou as empresas a reduzirem o grau de exigência nas contratações em 2010, ano em que o emprego formal bateu recorde e atingiu 2,5 milhões de vagas. Foram admitidos trabalhadores com menor nível de escolaridade e até quem não sabe ler e escrever conseguiu emprego formal, revela um estudo da MCM Consultores, feito com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Quase um quarto das contratações até outubro de 2010 foi de pessoas com ensino fundamental completo, perto de 500 mil trabalhadores. Já em 2009, quando a economia não estava aquecida, o saldo de contratações foi negativo para o perfil de trabalhador menos qualificado. Isto é, o total de demissões superou o de admissões. Esse cenário agrava-se mais em regiões industrializadas com maior demanda por mão-de-obra em seus pólos industriais. No Estado de São Paulo, Jundiaí tem se destacado como importante aglutinador de conglomerados industriais e também de serviços. Jundiaí sempre foi conhecida