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Nesta produção textual temos como objetivo trazer à tona
a realidade enfrentada por ex-detentos e de forma mais
específica a reinserção no mercado de trabalho. Esse tema
foi escolhido pela importância que essa discussão deveria
ter em ambientes públicos, governamentais e de modo
geral em todos os espaços da população. O nosso trabalho
contou com entrevistas reais de modo a reforçar e tornar
palpável as dificuldades e os obstáculos que os egressos do
sistema prisional enfrentam. A aproximação da nossa análise sobre o mercado de
trabalho se deve pelo fato de considerarmos essa uma das
melhores saídas para o combate a reincidência e
aproximação da realidade do crime que pode apresentar
saídas mais atraentes para estas pessoas que
provavelmente se encontram em situações de fragilidade
tanto psicológica quanto econômica.
Antes das entrevistas, também foi realizada uma coleta de
dados mais ampla de modo a compreender a situação do
sistema prisional vigente no país e seus índices de
reinserção e reincidência assim como o percentual dos
crimes que mais aprisionam e as principais características
dessa população encarcerada. Em junho de 2016 o Levantamento Nacional de
Informações Penitenciárias (Infopen) declarou que o número
de pessoas presas no Brasil era de 726.721. Sendo esses
presos 689.510 encontrados no sistema penitenciário
estadual, 36.765 em delegacias e 437 pessoas em
unidades do sistema penitenciário federal. Com a grande
quantidade de pessoas encarceradas o déficit total é de
358.663 mil vagas, com uma taxa de ocupação de 197,4|%
em média em todo o país.
A primeira entrevista foi realizada com Raimundo Martins
Neto, de 60 anos, ex-assaltante de banco, cumpriu vinte
anos de pena, hoje é micro-empresário, realiza palestras e
auxiliando ex-detentos, dependentes químicos e outras
pessoas em situação de vulnerabilidade social.
A segunda entrevista foi realizada com Marcos Silveira,
empresário criador do projeto Liberty aonde o próprio
Raimundo (entrevistado 1) foi ajudante no período pós
regime-fechado. Marcos trouxe o outro lado moeda como
empresário sem abrir mão da questão humanista e da luta
por direitos justamente por estar muito próximo e ter a
vivência com esse grupo marginalizado no ambiente de
mercado.
DADOS / SISTEMA CARCERÁRIO NO BRASIL
Com uma concentração total de 33,1% de toda a
população carcerária do país o estado de São Paulo
apresenta o maior índice, com 240.061 pessoas presas,
enquanto Roraima apresenta a menor população prisional
do país, com 2.339 pessoas privadas de liberdade, entre
aquelas custodiadas em unidades do sistema prisional e
aquelas que se encontram presas em delegacias.
O mesmo levantamento sinaliza que, em relação a questões
de gênero, homens ocupam 74% das unidades prisionais, o
público feminino ocupa 7% e outros 17% são caracterizados
como mistos, ou seja, contam com alas/celas específicas