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Alimentação para
velocistas e fundistas,
há diferenças?
Por Alan Nagaoka
Espero convencer vocês, leitores, dessa resposta com alguns pon-
tos importantes a serem pensados. O fato é que a alimentação
é um dos fatores que podem otimizar o desempenho, indepen-
dente da atividade. Quando equilibrada pode reduzir a fadiga, o
que permitirá que o indivíduo treine por mais tempo ou que se
recupere mais rapidamente entre as sessões de exercícios. Possi-
velmente, a nutrição pode reduzir lesões, ou repará-las mais rapi-
damente, afetando a saúde geral do atleta e consequentemente a
situação de treino.
A alimentação adequada pode otimizar as reservas de energia
para competição, afetando tanto atividades de velocidade quanto
de resistência. E como diferenciar a alimentação entre fundistas
e velocistas?
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Primeiramente, temos que entender
como é a rotina do nadador. Trabalho,
estudos e treino! Conheço velocistas que
chegam a treinar de 40 a 50 km semanais
ou até mais e fundistas que não dobram
(dois treinos por dia).
Precisamos compreender que para uma
mesma prova existem diferentes filo-
sofias de treinamento, que por sua vez
podem gerar diferentes fatores determi-
nantes para a performance do treino, e
a partir daí elaborar estratégias nutricio-
nais para atenuar esses fatores. Em gran-
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de parte da consulta eu tento compreen-
der o próprio treinamento.
Outro fator importante é verificar a com-
posição corporal do atleta e, dentro do
planejamento técnico, alterar a dieta
para que consiga atingir o máximo da
performance. Vale a pena lembrar que,
na maioria dos esportes, quanto maior
for a porcentagem de gordura, menor o
desempenho competitivo.
Por fim e não menos importante é tra-
balhar em cima da individualidade. O
“estresse” e o acúmulo gerado no trei-
namento é algo individual. Pra mim não
faz sentido fazer uma dieta restrita para
um fundista ou velocista que está “fora
de forma”, reclamando de cansaço há se-
manas e com queda no rendimento.
No geral, os fatores determinantes para
os fundistas seriam o consumo energé-
tico, o carboidrato adequado (glicogênio) e a glicemia durante
o treinamento. Já para os velocistas, seriam o consumo ener-
gético, além do carboidrato adequado e acidose (gerado pelo
exercício intenso).
É importante frisar que é muito diferente consumir 3.000 kcal
de fast food e 3.000 kcal de macronutrientes oriundos de frutas,
verduras, carboidratos integrais, gorduras “saudáveis” e proteí-
na de “boa” procedência. Portanto, a melhor dica é ficar atento
ao período, volume, duração, intensidade de treino e aos “sinais
do corpo”. E assim, de maneira “saudável”, adequar o consumo
de energia nos dias ou período de maior gasto ou de estresse.
Fonte: Swim Channel
Alan Nagaoka é nutricionista do Comitê Paralímpico,
do Sport Club Corinthians Paulista e Pulse Medicina
Esportivo. É nadador “semi aposentado” (difícil de
largar o vício).
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