Revista Primeira Impressão Setembro 2013 | Page 15

P I - C o m o s u rg i u a C i a L u i s Louis? Surgiu na minha volta, em 1997. Eu conheci a Lene Bastos e nós fomos recebendo pessoas que se formaram com a gente e essas pessoas se juntaram a Companhia. E estamos com o grupo desde então. PI - Como é seu processo de transição de Luis Louis para o personagem? No Teatro Físico não se trabalha exatamente com “personagem”. Se trabalha com um elemento muito conhecido da Performance que é a “Persona”. Na verdade sou eu em um estado dilatado, de rito, e me coloco num encontro com o público. Mas sempre estou a frente do personagem. PI - Qual o sen mento você tem ao se apresentar? Antes de subir ao palco, sempre o p a v o r. S e m p r e é u m a n o v a experiência, um novo desa?o. E durante, tento me conectar ao presente. Não ?co pensando no que vem depois ou o que veio antes. Eu tento ?car conectado ao público ao máximo. PI - Depois de vinte e dois anos de carreira, o que você almeja ainda? Ah, muita coisa. A gente tem um e s t ú d i o , o n d e ?c a a s e d e d a Companhia, onde criamos os repertórios, oferecemos os cursos. L á , ta m b é m , ?ca a s e d e d o laboratório de pesquisa com nossa biblioteca. E agora queremos ampliar mais isso tendo o nosso próprio teatro. Estamos buscando meios pra concre zar esse desejo. Também estamos fazendo um evento agora em outubro que é o Primeiro Panorama da Mímica Total. E a ideia é cada vez mais viajar pelo país e levar essa arte. PI - Acha que a maioria dos brasileiros se interessa pouco por teatro? Eu sinto que cada vez mais está melhorando. Ao abrir o guia de teatro em uma revista, em São Paulo, tem mais de cem peças em cartaz, em um ?nal de semana. Veem-se Fes vais surgindo; outros, como o Fes val de Inverno de Campina Grande acontecendo pelo 38° ano; Surgem cada vez mais Faculdades de teatro. Eu vejo que está crescendo muito. PI - Você é formado no Teatro. Houve alguma di?culdade em trabalhar na preparação do Elenco da minissérie “Hoje é dia de Maria”, por ser um veículo diferente? Então, não sen di?culdade nenhuma. O Luiz Fernando Carvalho, que é quem me chamou pra esse trabalho, me convidou pra fazer exatamente o que faço. Nós ?camos por três meses juntos – estava o Rodrigo Santoro, o Osmar Prado, Antônio Garcia, a Le cia – num processo de teatro mesmo. Eu achei que poderia ter do um choque maior, mas foi uma experiência muito prazerosa. Os atores se apaixonaram pela linguagem. PI - O que signi?ca Falas de um Mímico pra você? Signi?ca o que penso da arte, da vida. É como me coloco. Nele tem vários anos de pesquisa, vários quadros que surgiram durante minha trajetória. É um espetáculo q u e fa ç o c o m m u i t o c a r i n h o . Representa muito desse pensamento da mímica Total. PI - Qual a melhor coisa em ser ator? É ?car conectado ao teu desejo. Isso que mantém vivo. Estar sempre alimentando esse desejo expressivo. Estar sempre recomeçando. E estar sempre conhecendo pessoas novas, sempre nesse desa?o. Na insegurança. É estar conectado à vida. Fotos: Sérgio Neves/AE Revista Primeira Impressão | 15