Revista Panorama #6 Junho.2012 | Page 15

Arquivo pessoal que tinham essa característica e conseguiam alcançar a copa das árvores, onde havia folhas em abundância. Este processo, que determina que apenas os indivíduos mais adaptados ao meio em que vivem prevaleçam e dêem continuidade à espécie, é conhecido como seleção natural. Adaptar-se nunca foi um grande problema no reino animal, mas para os humanos não é tão simples assim; afinal, a mudança de hábitos pode ser muito brusca. Mas há alguns que se adaptam facilmente a qualquer ambiente. O brasileiro William Bertagni, por exemplo, formou-se em Engenharia Mecânica e começou a trabalhar na General Motors do Brasil em 1984, na área de Powertrain. Passou pelas diretorias de Engenharia Experimental, em 1996, foi engenheiro chefe do projeto O brasileiro William Bertagni (à dir.): “Participei da concepção do Sonic desde o início, quando ainda se discutia a nova arquitetura” do Meriva, em 1999, e diretor da Engenharia de Produto, em 2002. Obviamente, Bertagni já estava habituado aos seus afazeres na operação brasileira, quando foi nomeado vice-presidente da GM Coréia do Sul e engenheiro chefe global de carros pequenos, em janeiro de 2006. Então, junto com a esposa e os filhos, ele mudou-se para o país asiático e teve de enfrentar as particularidades de uma cultura radicalmente distinta da sua. “No começo foi um pouco difícil, pois tivemos de nos acostumar com a cultura, as crianças com a escola, sem contar a comida apimentada que é totalmente diferente da que estamos acostumados no Brasil. No início, não conseguíamos nos alimentar direito, mas hoje nem sentimos mais o ardor. Quando alguém vem nos visitar e diz que o tempero está muito forte, nós respondemos: ‘Imagina! Desta vez, está tão leve’”, relata Bertagni. Mas ele sabe que assumir essa posição na operação sul-coreana representa uma grande conquista, tanto que define sua integração com os profissionais de olhos puxados como muito enriquecedora. E não era para menos, já que, durante o desenvolvimento da nova arquitetura global dos carros pequenos da GM Company, Bertagni foi o engenheiro chefe responsável por toda a área técnica dos veículos dessa categoria, como o Chevrolet Sonic, o mais recente lançamento da marca no Brasil. “Participei da concepção desse compacto premium desde o início, quando ainda se discutia a nova arquitetura. Para isso, fui à Coréia do Sul em setembro de 2005 pela primeira vez”, afirma ele, que complementa: “Os profissionais envolvidos nesse projeto abraçaram a idéia de que havia uma enorme necessidade de integração entre nossa engenharia na Coréia do Sul e as dos Estados Unidos, da Europa, do Brasil e da China. Isso foi desafiador, porém muito gratificante”. Há seis anos vivendo do outro lado do mundo, Bertagni se diz totalmente adaptado. “Algo que nos ajudou muito foram as características do povo sulcoreano: eles são muito solícitos, prestativos e educados. Sempre encontramos pessoas que estão prontas a nos ajudar. Isso nos deu confiança e tornou nossa adaptação muito mais rápida do que imaginávamos”, conclui ele. JUNHO D E 2 0 1 2 15 ]