Revista Panorama #12 Dezembro.2013 | Page 27

Partitura original de "Stille Nacht, Heilige Nacht": composta em 1816, tornou-se uma das músicas natalinas mais cantadas em todo o mundo repetem-se rituais folclóricos da Folia de Reis, Reisado ou Terno de Reis que conservam velhas tradições trazidas de Portugal. Cantadores e instrumentistas batem de porta em porta, proclamando versos alusivos à saga dos Reis Magos e ao nascimento de Jesus, geralmente pedindo alguma oferenda. O costume é mantido, ainda que em ocorrências esparsas, em cidades gaúchas como Capão da Canoa, Gravataí, Novo Hamburgo, Osório e Vacaria. "Meu senhor, dono da casa/ Acordai, se estais dormindo/ Venha ver a estrela d'alva/ Que bonita está saindo", cantam, acompanhados de tambor, triângulo, rabeca, pandeiro, reco-reco e chocalho. De norte a sul, as danças dramáticas do Bumba-Meu-Boi, cujo nome varia de acordo com a região, representam a morte e a ressurreição do boi. Em 1991, a cantora Marisa Monte gravou a cantiga "Borboleta" ("Borboleta pequenina/ Venha para o meu cordão/ Venha ver cantar o hino/ Que hoje é noite de Natal"), da Festa Pastoril do Nordeste, em que cordões de crianças cantam, nas portas das casas, versos como "Toca o sino na igreja/ Gira o foguete no á/ Hoje é missa do galo/ Santa missa do Natá". DICAS LIVROS Quadras Paulistanas Fabrício Corsaletti Companhia das Letras Ao longo dos últimos anos, o poeta Fabrício Corsaletti transformou sua coluna na revista sãopaulo, do jornal Folha de S.Paulo, no espaço de uma empreitada rara: colocar a poesia – em vez da prosa – a serviço da crônica do cotidiano, numa série a que deu o nome de “Quadras paulistanas”. Reunidos agora neste livro, ao lado de fascinantes desenhos do artista Andrés Sandoval, os versos feitos ao calor da hora, a partir de fatos, encontros e imprevistos do dia-a-dia, revelam com que firmeza Corsaletti concebeu o seu mural vibrante e amoroso de São Paulo. Com generosidade, ele tira a poesia da toca e a põe em movimento pelas ruas, a bordo de inquietos versos metrificados, turbinados com o método telegráfico e irônico do modernismo e o estilo sentimental e aforismático dos versos populares. Embriagado de realidade, ele percorre os bairros populares, observa os variados tipos urbanos, cinematografa bares e lojas, registra as mutações da linguagem e do comportamento. Ao coração da tempestade Will Eisner Quadrinhos na Companhia Em meio à Segunda Guerra Mundial, o jovem Willie recebe a convocação do exército americano. Durante a viagem de trem que faz para se juntar a seu batalhão, momentos marcantes da sua vida e da história de sua família passam pela janela. A morte de seu avô materno, que culminou na separação dos filhos dele, enviados para diferentes famílias e instituições. A vida de seu pai em Viena e a imigração para os Estados Unidos, onde passou de um aspirante a artista a um homem de negócios fracassado em plena Depressão. A convocação do próprio Willie, que interrompe uma carreira incipiente, porém promissora, como quadrinista. A história da família de Willie confunde-se com a história dos judeus na América e na Europa na primeira metade do século XX – notadamente um dos perío- dos mais conturbados de nossa história –, quando predominava um sentimento geral de antissemitismo. "Ao coração da tempestade" é considerado o trabalho autobiográfico mais importante de Will Eisner. Nele, o quadrinista usa seu grande talento para contar histórias )