Revista Municipal_v2 Municipio de Gouveia_Revista N29_LowRes | Page 21
21
RM
ENTREVISTA
REVISTA MUNICIPAL | EM QUE ANOS FIZERAM PARTE DA COMISSÃO DE FESTAS?
FA FERNANDO ALMEIDA
GOUVEIA | REVISTA MUNICIPAL
FC
Fiz parte de várias comissões. As festas eram feitas por iniciativa particular e a Câ-
mara colaborava, mas chamava-nos a nós para nós organizarmos as Festas…
| As festas estavam interrompidas. Estiveram inativas.
E depois nós é que as reabilitámos, nós é que as recuperámos. Eu tenho
aqui um programa que é de 1967. É o programa mais antigo que eu tenho
FA Mas sempre apoiadas pela Câmara.
FC Sempre apoiados pela Câmara. Nós tomávamos conta de tudo, fazíamos os contatos
das Festas. Em 1967 eram ainda as Festas da Vila, ainda estavam separadas,
porque as primeiras sempre foram umas festas religiosas. E depois houve
com os homens do fogo, as bandas…
um atrito, uma disputa qualquer, e o Bispo proibiu a festa religiosa com a
festa civil.
FA E angariávamos dinheiro pela vila e pelo concelho.
do Calvário. FC O peditório era feito porta a porta, junto das pessoas.
FA Em 1838. Porque em 1938 foi o centenário. RM ENTÃO ERA ASSIM QUE VOCÊS COMEÇAVAM A ORGANIZAR AS FESTAS. E COM QUANTO
ES As festas começaram por volta de 1840. ES
ES EDUARDO SANTOS
| O caso foi este, em 1840 começaram as festas do senhor
TEMPO DE ANTECEDÊNCIA?
As festas da vila começavam-se a organizar em março. A partir de março a comissão
reunia todos os fins de semana, e andávamos pelas portas a pedir.
FC FRANCISCO CARDOSO
ES
| Desculpa lá, mas eu tenho aqui dados que dizem que as
Festas do Senhor do Calvário foram em 1838. FA Toda a gente colaborava.
As festas religiosas estiveram em funcionamento até 1930 e poucos, porque um ES Muito ou pouco, toda a gente colaborava. A comissão contatava com as fábricas de
bispo da Guarda se deslocava para uma freguesia para assistir a umas festas. lanifícios que existiam, com a polícia e com todas as instituições que existiam para
Entretanto começaram a deitar foguetes, e como ele estava a cavalo, os foguetes também contribuírem.
espantaram-no, o bispo caiu e faleceu. Entretanto o bispo que o sucedeu, proibiu
as festas religiosas com as festas profanas. E então começou a haver em Gouveia
FA
as Festas da Vila na segunda semana de agosto.
Nas fábricas davam um dia de trabalho para as festas, porque entretanto davam a
segunda-feira das Festas, o feriado municipal. Os funcionários aderiam, havia pouca
gente que deixava de contribuir e dar o seu dia de trabalho para as Festas e, para
FA E oito dias depois eram as festas religiosas.
além disso, eram os peditórios porta a porta, e ninguém escapava, toda a gente
ES E as festas religiosas eram na semana a seguir. As festas cívicas, as profanas ti- era notária e que tinha muita influência, muitos conhecimentos e conseguia anga-
nham mais movimento, mais atração, enquanto que as festas religiosas decaíram, riar muito dinheiro pelos emigrantes e por pessoas que ela conhecia nas freguesias.
limitavam-se apenas às procissões e à Eucaristia, à missa, mais nada. E a receita era esta. A Câmara participava essencialmente com pessoal e material.
contribuía. No concelho tínhamos uma senhora, que era a senhora Drª Lurdes, que
Poucas vezes era forçada a contribuir com dinheiro, porque a receita que nós anga-
RM E A PARTIR DE QUANDO SE VOLTARAM A REALIZAR AS FESTAS NA MESMA ALTURA?
FA Depois em sessenta e tal… o ano não posso precisar.
riávamos chegava sempre, porque era bem administrada, era bem gerida.
ES
ES
Houve um ano que a própria comissão de festas pagou ao pessoal da Câmara para
Depois em 1973 era Presidente da Câmara Municipal de Gouveia o senhor pro- fazer uns serviços, a favor das festas. Houve uma altura em que só havia feriado
fessor José Pires das Neves. E então o senhor padre Carvalheira estava cá em municipal quando houvesse festas. Vou até contar um episódio muito engraçado,
Gouveia; nós falámos com ele, fomos à Guarda falar com o senhor bispo e o padre de quando eu fazia parte da comissão de festas: o Presidente da Comissão de Festas
Carvalheira disse ao senhor bispo, que nunca se constou que durante as festas era sempre o Presidente da Câmara, nessa altura era o Sr. Alfredo Rodrigues dos
da vila de Gouveia houvesse barulhos. E então o bispo cedeu, e daí juntaram-se Santos Júnior, e ele próprio escreveu ao Ministro do Interior a propor o feriado mu-
então as festas religiosas com as profanas. Como antigamente. nicipal quer houvesse festa ou não, mas nunca recebeu resposta. Entretanto ele foi
para Ministro do Interior e nós, comissão de festas mandámos-lhe a carta que ele
RM
SENHOR FRANCISCO CARDOSO, EM QUE ANO É QUE FEZ PARTE DA COMISSÃO DE FESTAS
tinha escrito ao antecessor, a partir daí foi sempre feriado.
DO SENHOR DO CALVÁRIO?
FC Fiz parte mais ou menos um ano depois, da altura deles. RM
FA As festas estavam mortas e nós é que viemos reabilitar as festas, 1960 e tal… FC
QUAL É QUE ERA A MAIOR DIFICULDADE SENTIDA NA ALTURA PARA ORGANIZAR AS
FESTAS, SR. FRANCISCO? O POVO AJUDAVA MUITO CERTO?
As pessoas que residiam aqui normalmente contribuíam sempre, mas havia dificul-