Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre 9ª edição | Page 59

LiteraLivre nº 9 – Maio/Jun de 2018 Emilai João Marcelo Rocha Candeias/BA Margarida, Maria, Emília e Rita eram quatro flores que habitavam o jardim de São João, próximo à fonte D’ávila, no lugar mais próximo do paraíso que a Terra já viu. Um canto lindo de se ver e de se estar. Lá o céu era azul cor de mar, quase isento de nuvens. O sol era amarelo ouro e coloria todo o ambiente. E o vento era calmo e refrescante, como um banho de piscina no domingo de tarde. O cenário ideal para a paz e a alegria imperarem. Apesar de toda a maravilha que perto delas havia, as quatro flores entendiam que algo faltava em suas vidas. Algo que trouxesse mais luz às suas pétalas e força às suas folhas. Algo mais brilhante que a lua e gracioso que um colibri. Foi quando Emília, a mais experiente das quatro – uma simples rosa de cor vermelha e cheiro e beleza inconfundíveis, pediu aos céus (o mesmo que as alimentava com a água e o sol) que as dessem uma companhia - alguém a quem pudessem apreciar, amar e chamar de amor. Dias depois, no fim da tarde de uma sexta-feira, um beija-flor (chamado Jorge) chegou ao jardim após beber sua água na fonte D’Ávila. Ele que era grande amigo de Margarida, aproximou-se das flores e colheu um pouco do pólen de cada uma. Foi ao chão e apanhou, com seu bico, um punhado de terra fresca. Voltou-se, então, para Rita e coletou um pouco da água da chuva que armazenava em suas pétalas. Elevou, por fim, sua fronte aos céus e, num clarão de luz, tudo o que ele havia colhido foi transformado pelo sol em um brilhante cristal azul. Ao cristal, em homenagem à Emília, foi dado o nome de Emilai. Ele foi posto sob a sombra de Maria, ao lado de Rita e Margarida, para que todo aquele que visitasse o jardim fosse por ele cativad