LiteraLivre n º 6 – novembro de 2017
Teve que responder a um processo por atropelar um pedestre dirigindo embriagado.
Mas o que o fez procurar algum meio para refrear o vício foi a ameaça que lhe fez a esposa de separar-se dele, ao constatar que o matrimônio estava a ponto de desmoronar.
A partir daí buscou ajuda médica e psicológica, mas pouco sucesso obteve nessas tentativas.
Quando alguém do seu círculo de amizade comentou que deveria recorrer a um centro espírita, ele se insurgiu:-Mas como? Não acredito nessas coisas! A esposa, que já não suportava mais a situação, deu-lhe um ultimato:-Ou vai ou eu te coloco numa clínica para dependentes químicos. Resignado, concordou. No centro espírita, depois de passar por uma triagem, foi-lhe recomendado um tratamento de desobsessão.
Durante as várias sessões, através de trabalhos mediúnicos, constatouse que, além de espíritos que apenas se afinizavam com o seu hábito deletério, havia um que, muito prejudicado numa encarnação anterior, a ele se vinculara, tudo fazendo para vê-lo afundar-se nesta vida.
Para demovê-lo de seu intuito vingativo, os instrutores doutrinaram-no a ponto de obter dele o perdão das faltas cometidas pelo obsidiado.
Este, por sua vez, fortalecido pelas instruções morais recebidas durante o tratamento, conseguiu erradicar o seu hábito malsão.
Com a abstinência e a prática de atitudes saudáveis na alimentação e atividade física, recuperou-se na saúde, no trabalho e no relacionamento familiar.
A sua aversão ao alcoolismo cresceu tanto que, sempre que pode, aconselha insistentemente aos " bebedores sociais " ou inveterados a largarem definitivamente o hábito, utilizando para isso os mais variados argumentos e justificativas, beirando a inconveniência e a irritação.
Em função disso, sempre que o vejo aproximar-se de nossa roda de amigos e estou a bebericar um simples copo de cerveja, me afasto para não ter de ouvir sermões, lições de moral e outros que tais.
J... tornou-se, ele próprio, um obsessor em vida.
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