LiteraLivre n º 6 – novembro de 2017
- Anália, eu vou ficá corajudo hoje ainda?- Já tá.
- Ai, Anália, cê tá pertano muito minhas perna! Cê tá moiada de mijo?- Não, bobinho, meu tixé tá chorano.- Chorano?- Sim. De gozo.- Anália, eu num sabia qui o tixé chorava.- É um choro gostoso. Seu pó tamém tá chorano.- Eu quero qui ele chora bastante pra eu ficá bem corajudo.- Anália, modiquê cê tá tremeno, parece qui tá morreno?- Tô morreno, não, bobo – a voz sumida e entrecortada.- Eu tamém tô morreno dessa morte, qui morte boa... Quiria morrê sempre assim... Já pirdi o medo. Tô cum sono.- Toma, fica mais um pouco e drorme.
- Era sol morrente quando o menino Bernardino passou pela última das inúmeras porteiras da imensa curralama. Não havia quem não comentasse sua coragem. Mais prestígio ganhou Anália, cuja fama, com os feitícos herdados da avó, não encontrava rival naqueles ocos das Gerais.
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