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LiteraLivre nº 6 – novembro de 2017
- Coitado, fala mal dele não. Ninguém sabe se ele é home ou muié.
- Quano é qui vou perdê o medo e ganhá corage?
- Dispois cocê tivé gala e fazê bobage.
- Bobage cum as mininas?
- Não, cumigo.
- Cocê?
- Sim. Num qué?
- Num é pecado não?
- Fazê cocê num é não. É pecado fazê cum o Jofre. Cê é um anjo,
muito puro.
- O Jofre é mau?
- É mau não, é pirigoso, qui já é home feito.
- Já fez bogage cum ele?
- Quê isso, minino! Tá doido?
- Anália, cumé qui faz bobage?
- É assim, toma, cê é meu fiinho.
- Anália... – a voz em sussurro e quase inaudível – cê tem leite?
- Não... Tá gostano?
- Qui trem bão eu vim pra qui.
- Tá passano o medo?
- Medo? Isquici tudo! – a voz sumida e trêmula.
- Cê nunca fez isso?
- Não. Tá bom dimais! Só que meu pó tá dueno. Oia pro cê vê.
- Tá dueno? Deixa eu vê.
- Só qui é uma dor gostosa.
- Vou sará ele procê. Dino, cê já tem gala?
- Ai, Anália, sua língua é macia e quente. A minha tamém é assim?
- É mais gostosa que a minha, toma, pode fazê mais. Nos dois...
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