Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre - 6ª edição | Page 20

LiteraLivre nº 6 – novembro de 2017 - Anália, tô cum medo. - Mê de quê, mininu? - Da mão cabiluda. - A mão cabiluda tá longe daqui. - Má tô cum medo. - Reza, reza pras alma. - Anália, modiquê os cachorru tão latinu? - Tão cunversanu cum a Lua. Num vê qui é Lua cheia? - Tão falanu o quê? - Uma purção de coisa, uai! - Anália, modiquê os gatos num mia? - Modiquê tão caçanu rato e preá. Eles drorme de dia e caça de noite. - Anália, modiquê os bizerru tão berranu? - Tão sintinu falta da mãe deles. - Modiquê o Jofre não deixa eles ficá junto ca mãe deles? - Sinão, manhã as vaca num tem leite não, qui o bizerrim mamou tudo. - Anália, cê tamém tem medo? - Tenho medo não. Só tenho medo de Deus. - Anália, inda tô cum medo, posso i pru seu catre? - Pode, vem logo, qui eu quero drumi. - Vô ribuçá a cabeça. Cê tamém gosta de ribuçá? - Pára de falá e drorme. -Anália, as pessoas grande tamém têm medo? - Algumas têm, outras, não. - Modiquê o Nesmim, qui já é grande, é tão medroso, e parece bobo? 15