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LiteraLivre nº 6 – novembro de 2017
- Anália, tô cum medo.
- Mê de quê, mininu?
- Da mão cabiluda.
- A mão cabiluda tá longe daqui.
- Má tô cum medo.
- Reza, reza pras alma.
- Anália, modiquê os cachorru tão latinu?
- Tão cunversanu cum a Lua. Num vê qui é Lua cheia?
- Tão falanu o quê?
- Uma purção de coisa, uai!
- Anália, modiquê os gatos num mia?
- Modiquê tão caçanu rato e preá. Eles drorme de dia e caça de
noite.
- Anália, modiquê os bizerru tão berranu?
- Tão sintinu falta da mãe deles.
- Modiquê o Jofre não deixa eles ficá junto ca mãe deles?
- Sinão, manhã as vaca num tem leite não, qui o bizerrim mamou
tudo.
- Anália, cê tamém tem medo?
- Tenho medo não. Só tenho medo de Deus.
- Anália, inda tô cum medo, posso i pru seu catre?
- Pode, vem logo, qui eu quero drumi.
- Vô ribuçá a cabeça. Cê tamém gosta de ribuçá?
- Pára de falá e drorme.
-Anália, as pessoas grande tamém têm medo?
- Algumas têm, outras, não.
- Modiquê o Nesmim, qui já é grande, é tão medroso, e parece
bobo?
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