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LiteraLivre nº 6 – novembro de 2017
sentimentos e sensibilidade, e a estes só faltava uma pitada de realismo.
Após ler uma peça que a marcara muito, Ofélia estava com uma mania, nos
últimos dias, de ir sempre, no fim da tarde ao final de suas aulas, a uma praça
que ficava perto de sua escola. Assistia ao pôr-do-sol e, tal como na história
em que lera, acreditava que um dia – e tomara que rápido – o grande amor de
sua vida apareceria ali, se encantaria com a visão dela e viria conversar.
Um dia um homem senta-se ao seu lado despertando-a de sua imaginação
solta após alguns instantes distraídos. Ela sobressalta-se. Era um homem na
casa dos trinta anos.
- Você tá esperando alguém? – ele questiona.
- N-não – ela se sente muito vulnerável.
- Hum. Sempre te vejo por aqui – começa a acariciar seus seios. – Achei
que pudesse querer uma companhia.
- Obrigado, moço – levanta-se de um salto. – Mas preciso ir pra casa. Meus
pais estão me esperando e...
- Você disse que não estava esperando ninguém – levanta-se também,
agarrando os pulsos da garota com força. – Vem cá, vou te mostrar uma coisa.
A arrasta para trás de uma gigantesca árvore enquanto ela tentava
protestar.
A praça estava deserta. E se alguém passara por aqueles arredores naquele
momento, certamente ouvira gritos.
Gritos de pavor, de tristeza e humilhação.
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