Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre - 6ª edição | Page 110

LiteraLivre nº 6 – novembro de 2017 Poema Charles Burck Rio de Janeiro/RJ Quando voamos alto a cidade perder as referências, os detalhes, as pequenas dores, A procissão apenas só pontos de luzes, as orações silenciam devido a distância, O santo abandona o andor para apreciar a vista do alto, Concentro minhas forças ao que foco os olhares perdidos, quero ajudar a mostrar os caminhos, almas sem rumos, sem céus e afastado do divino Afluentes de rios perdidos desde a nascente, sem chegar ao rio principal, A decadente saciedade, a fome burocratizada, formando linhas contenção de diretas aos corações aprisionados As garras da geometria que crescem proporcionais aos fatores de entregas Das torres mais altas resisto aos clamores do banal, da mesmice que mistura tudo como uma panqueca de mingau de farinha mofada, Os fantasmas participam da festa sem serem convidados, lambem os seios secos e as vulvas expostas, maquiadas de forma íntima, a servir de face com sorrisos de boca aberta em pulsações De anúncios de portal rente às areias da praia, uma superfície quase plana, geológica, uma fenda engolindo o sol Recortava pequenos origamis em primeiro plano contra um fundo de céus escuro, mas a poética erótica se alastra feito aranha peluda, atrevida ao comer os machos, que mal têm tempo ao gozo Nem tudo passa de fingimentos, mas do alto o amor é uma verdade maior, asas espalhadas a observações de águias, à procura de algo que escape ao ordinário. https://www.facebook.com/profile.php?id=100009691775123 105