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LiteraLivre n º 5- Setembro de 2017

Caleidoscópio Pinoquiolar

Raul Cazi Itabaiana / SE
O carvalho
As raízes permanecem áureas puramente construtivas no seu desempenhar fabuloso de sustentar a árvore. Pois qual beleza não tem seu segredo, sua Pandora? Mas nada convém restabelecer a verdade, aquela que poucos veem, e, no entanto, é matéria essencial para o primórdio, o início do tudo. E o tudo não se vale de certa perfeição para atingir seu ápice, esse somente alcançado quando finda a vivência, assim não há beleza pura e gloriosa no concreto patamar do Carvalho, o que há é uma dissociação regida por uma mesma conclusão, no qual escolhe-se entre ceifá-lo para alimentar uma sublime lareira ou para torná-lo carvão e por conseguinte, alimentar uma manta de chamas qualquer. Portanto, a única razão do vislumbre de um carvalho seria apenas o quanto de carvão daria, renderia; Mas tudo isso se retém, quando algo maior rompe com a naturalidade do cotidiano, por que não entalhar a madeira, dar vida a uma obra cujo valor se expressa no quão sentimento é posto durante sua criação? Sim esse fora o primeiro passo, o primórdio das veredas vindouras e como todo primeiro passo, engloba uma ira sarcástica, mas não duradoura. Há um“ q” de magia que quebra toda linearidade cosmológica e por isso não somos capazes de ver que embora racionais, nós humanos, não passamos de um Carvalho ainda prestes a germinar.
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