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LiteraLivre nº 5 - Setembro de 2017 Antes do Voo Charles Burck Rio de Janeiro A morte parecia um arco-íris que se bandeou para os lados do firmamento, voou solta, bendizendo a vida Mas amor chega antes, quando mal o sabemos distinguir, quando mal o percebemos, é o voo antes do existir do céu Aprendi a fazer amor com a fusão dos astros, O cio das estrelas a fomentar o gato, o rabo ao redor do pescoço e o rato a cantar o Barbeiro de Sevilha O abismo resaltado ao lado do prumo, o vazio que se impõe, um anseio do pulo equilibrando a alma que foi antes do corpo O voo a enrolar os corpos com laços de seda, de sentir orvalhos ao rés da tarde quando ainda nem floresceram os olhos O medo em voo difícil a calibrar as asas quando nem desabrocharam as penas, O pássaro falou do medo, o amor de voar, O amor consome o medo, quando não, entala na garganta da alma A previsão do grito se desfaz no pó da secura do não ser A queda livre a ameaçar a quietude do ar, a rota intensa dentro do silêncio do sono Ao sono que chega, damos os sonhos 14