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LiteraLivre Vl. 2 - nº 10 – Jul/Ago. de 2018
onde ela trafega com seu guarda-chuva e coincidentemente passando pela porta
do prédio onde ele mora e por acaso ela se desequilibra do salto e arreia na
calçada bem em frente ao apartamento dele que desce as escadas correndo, pois
mora no primeiro andar e corre a socorrer aquela mulher que pensava nem
conhecer mas olhando bem, é ela, ela mesma com algumas rugas no rosto a lhe
olhar angustiada e agradecer seu gesto. Imagino o inverso desta cena também
quando ele passando por acaso na frente do prédio dela, numa tarde de chuva,
tropeça e cai batendo a cabeça na guia e desmaiado ouve a voz dela a chamá-lo
pelo nome após reconhecer aquele homem muito mais pesado e sem os cabelos
longos da juventude, muito pelo contrário, uma calva molhada e manchada pelo
sangue que escorre calmamente de sua testa. Estão ali os dois agora, na
recepção do hospital onde ela lhe acompanhou levada pela ambulância que veio
socorrê-lo. Cabe a você agora leitor, imaginar a continuidade desta história a sua
maneira, pois da minha eles ainda continuam lá. Cada um no seu apartamento a
olhar a tarde chuva e as pessoas passarem na calçada.
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