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LiteraLivre Vl. 2 - nº 10 – Jul/Ago. de 2018 tinha criado todos os seus filhos da mesma forma, não seria possível que um deles pudesse seguir esse caminho. Com o passar do tempo, a família foi desistindo de tentar fazer com que Luizinho abandonasse o vício. Ele optou por esta vida, uma vez que não aceitava ajuda, tampouco reconhecia-se como dependente químico. Era o desgosto da mãe, que a única coisa que fazia era pedir a Deus que não permitisse que as drogas tirassem a vida do seu filho. Os irmãos de Luizinho foram crescendo e cada um tomou um rumo, trabalhando para ajudar a mãe na manutenção da casa.Dona Sônia, secretamente, dava seu pouco dinheiro a seu caçula, mesmo sabendo que era pra comprar drogas, pois não suportava vê-lo roubar. O pai, em uma das suas saídas, não retornou mais à casa, o que foi um problema a menos para a família, pois este era insignificante e as vezes em que passava em casa era somente para brigar e subtrair da família o pouco dinheiro que haviam conseguido a muito custo. Souberam tempos depois que ele estava morando com outra mulher. Apesar das orações da mãe e de todas as medidas tentadas para fazer com que Luizinho abandonasse o vício, este não teve outro fim, senão o esperado. Mergulhou de tal forma nesse mundo de fantasia e ilusão que, não conseguindo mais sustentar o próprio vício, foi morto a tiros por um traficante a quem acreditava ser amigo. Dona Sônia não se conformou com a morte do filho. As amigas tentaram de todas as formas confortá-la, mas tudo foi em vão. A princípio, ela não aceitava a morte, depois passou a não acreditar. Mesmo tendo o apoio da família, um filho é sempre insubstituível e apesar da força daquela mulher, de todas as lutas que passara na vida e vencera, essa dor foi fatal. Até hoje, se passar na porta daquela casa, é possível ver uma senhora bem velhinha, magricela, corcunda, a gritar pelos arredores da casa : — Luizinho, ó Luizinho, chega de brincar de esconder que o almoço já tá na mesa, vem logo, meu filho, senão esfria”. 40