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LiteraLivre Vl. 2 - nº 10 – Jul/Ago. de 2018
que queria que tivessem uma vida melhor que aquela.
Nem todos os filhos herdaram a força desta mulher e, infelizmente, nem
todos também aprendem com a experiência dos outros, muitos precisam ter suas
próprias vivências, ver e sentir suas próprias emoções para poder perceber o que
lhes faz bem e o que lhes prejudica. E ,sendo assim, seu filho caçula conheceu o
mundo das drogas.
Luizinho - esse era o nome de seu caçula – não dava importância aos
exemplos que tinha em casa, não reconhecia os esforços da mãe em obter dia
após dia o sustento da família, e começou a se envolver com más companhias, a
princípio, por curiosidade em saber como era a vida das pessoas fora do círculo
familiar em que vivia, depois por prazer mesmo, sentia-se onipotente por andar
com as figuras mais temerosas do bairro, sentia-se protegido e, como um deles,
despertando medo e afastamento das pessoas. A maioria era usuária de drogas e
o que ele acreditava ser medo despertado nas pessoas, nada mais era que pena.
As pessoas tinham pena das mães destes meninos, do desgosto e infelicidade
que deviam sentir.
O caminho para as drogas foi curto, ele tinha a mentalidade limitada e
fraca, destoava-se dos seus irmãos, parecendo-se mais com o pai.
Começou a roubar, junto com os ditos “amigos”, para conseguir sustentar o vício.
Arrombava carros, roubava aparelhos de som, celulares. Ora os vendia, ora os
trocava por drogas. E sempre prometia a si mesmo que não faria nunca o que a
maioria dos seus amigos faziam, “roubar dentro da própria casa”, pois apesar de
não ter dado valor aos sacrifícios que a mãe fizera para conseguir manter a
família,ele não queria que o pouco que tinham fosse abstraído de casa.
Claro que não pôde cumprir sua promessa e, mesmo com relutância, começou a
roubar dentro de casa. Seu vício era maior do que o pouco que lhe restara de
dignidade e respeito.
A família, como sempre, foi a última a saber. A mãe, na sua simplicidade e
ignorância, não conseguia entender os motivos que levaram seu filho a entrar
nesse mundo e, por vezes, recusava-se a aceitar que fosse verdade, preferindo
acreditar que tudo era um mero engano e em breve tudo seria esclarecido, afinal,
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