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LiteraLivre Vl. 2 - nº 10 – Jul/Ago. de 2018
Os dias se passaram, e tudo que eu podia ver era ainda aquele brotinho e mais
nada. Acho que Harry estava preocupado e talvez até um pouco enciumado, mas
não sabia o que eu fazia tanto ao lado daquele vaso. Ele não entendia assim
como eu não podia entender. Até o meu pai já estava se preocupando com o meu
comportamento.
Sem eu saber, aquele brotinho se tornou tão importante para mim. Ao nascer do
sol, eu e meu pai vimos juntos a sua flor. Aos meus olhos, ela era a mais bonita
dali.
– Foi o teu amor e dedicação que o fez florescer, quando ninguém mais
acreditava – disse meu pai, abraçando-me.
Ainda sem saber, Harry também sorria ao ver-me feliz.
Em meio a um temporal, a minha roseira foi atingida por uma praga. Nenhum
dos truques de meu pai surtia efeito para salvá-la. Ela definhou. Até hoje ainda a
procuro no meu jardim. Estas palavras às vezes ecoam entre as folhas:
– Ela morreu! Tudo que fiz foi em vão!
– Ela vive agora em ti. Em cada cheiro, cor ou lugar. Em cada nascer do sol.
É um amor silencioso o das plantas. Mudo. Mas tão verdadeiro e cheio de
significados. Cada dia é um aprendizado a mais com elas.
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