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LiteraLivre Vl. 2 - nº 10 – Jul/Ago. de 2018
O Relógio do Vôvô
Cleidirene Rosa Machado
Catalão/GO
Aquele relógio do vovô, todo esculpido em prata italiana... Uma volta, duas
voltas e as cordas faziam o barulho para funcionar.
Um dia peguei ele e fui correr pelos campos, eu não deveria ter feito isso,
mas esqueci completamente que as horas passavam e que eu poderia deixar o
relógio cair sem nem mesmo notar... ele caiu, sumiu e não pude levá-lo de volta
para o vovô…
Passara-se alguns anos, meu querido vovô falecera, eu sozinha no mesmo
campo. Corri montanhas, subi árvores, desci e passei pelas porteiras que ainda
estavam abertas, foi então que notei algo em meio ao canto dos pássaros e
mugido das vacas fazendo tic tac, tic tac, tic tac…
Olhei com atenção, era mesmo um tic tac embaixo de uma grande árvore.
As raízes foram emoldurando o relógio do vovô, ele ficou de pé segurado pelas
mãos naturais do destino. O vento batia nos cipós de cá para lá e de lá para cá,
dessa maneira, as cordas do relógio davam vida ao tic tac.
Em minha mente as ideias questionavam o que fazer... se retirava-o de lá ou
deixava onde estava... Por fim... Deixei que o tempo se encarregasse de
solucionar tudo.
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