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LiteraLivre Vl. 2 - nº 10 – Jul/Ago. de 2018
Nossa, eles estão se beijando! Se você visse a encenação, diria que está diante
de uma simples telenovela. Ser ou não ser uma imitação da mentira? O jornal
brasileiro tem seu papel, imparcialmente parcial.
Espera aí, olha o que Roberto está fazendo... Um objeto brilhante, linda joia de
ouro. A representação de toda uma eternidade juntos.
– Aceite essa aliança como símbolo do meu amor!
Roberto está se ajoelhando diante de sua Senhora, sem razón. Ela não
esconde a culpa desamorosa de alegria tristonha por tê-lo ali, aos seus pés. Ela
não se importa com o que fez, tal como a consciência de quem me jogou neste
chão, que ainda pisa por cima e não se importa com as dores dos outros. Ela
mesma, comigo, com ele, ambos somos meramente embalagens.
Eu gostaria de entender por que a vida tem de ser assim tão pré-histórica,
medieval e moderna! Todo dia surge um novo Éden para sepultar nas igrejas, das
Catacumbas, um novo mártir. Os amores são novíssimos fatos inventados que
existem pela mesma necessidade humana de se comer, de se beber e de se
dormir. Roubar, mentir e matar. O amor é uma bolsa de valores, o horóscopo da
semana, os sorteios da megassena – muitas apostas e poucos acertos. A vida se
torna um objeto menor que o próprio homem objeto. E as pessoas fazem parte
deste belo espetáculo que eu sou obrigada a assistir todos os dias de minha
existência, até que o divórcio os separe.
Espero encontrar o meu próprio destino. Cansei de ser mais um lixo descartado
peloscomo os humanos. Já cresci demais e aprendi muito sobre esoterismo e
dramaturgia. O ser humano pode ser muito previsível. Eu só quero ser diferente
deles, quero ser EU, simplesmente mais viva... E vocês, Robertos?
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