Revista LiteraLivre 3ª edição | Page 81

LiteraLivre nº 3 principalmente ante seu alvo de afeto, Justine, uma jovem e formosa moça filha de Joaquim, o ferreiro dono do lugar. O fato é que João perdido em seu platonismo pela jovem temia nunca poder conquistar seu afeto e amor sem as virtudes financeiras dos abastados brancos e por isso apelou ao poço por meses a fio. Poço, pai indireto de muitos segundo seu pai, que lhe contava as histórias desde a tenra idade. De certo muitos testemunhavam a favor de um misticismo envolvendo o poço de maneira que o senhor de seu pai, Zulu Silveira, apenas logrou sucesso com o mesmo. Vindo pra terras de pindorama, falido e condenado pela coroa, pagou por seus pecados em terras tupiniquins até que visando tirar do papel um projeto de moinho e fábrica de farinha clamou ao poço dando-lhe oferendas de dobrões por escravos que o executassem. Assim veio a ele dado por um amigo, escravos como Zulu Silveira, escravos que compelidos ao trabalho edificaram o projeto de seu senhor, Emmanuel Nogueira. Porém, extenuado das longas jornadas de servidão, Zulu Silveira clamava em seu âmago íntimo pelo descanso da liberdade e em segredo pediu ao poço, com poucos dobrões custosos, por uma família livre. Assim fora que engravidou sua mulher de João Silveria quando ainda no percurso da gravidez se anunciou a lei do ventre livre e com notável esperança, Zulu viu se formar no ventre da jovem negra o futuro de uma família livre através de João Silveira. João cresceu ouvindo as histórias do famigerado poço que estava em meio a uma densa floresta no meio do nada, e quando cresceu seu pai pediu para que ele vivesse o que nunca viveu. Fosse ao sabor do vendo que lhe desvelaria os caminhos da liberdade e lhe dissesse aonde eles deram, pois João teria como senhor apenas Deus. Porém, com temor João viu sua liberdade cerceada pelas limitações financeiras impostas pela sociedade, assim fugiu ao amor por Justine a quem fintava seus cachos dourados em segredo, amar era o significado 75