LiteraLivre nº 3
principalmente ante seu alvo de afeto, Justine, uma jovem e formosa
moça filha de Joaquim, o ferreiro dono do lugar.
O fato é que João perdido em seu platonismo pela jovem temia
nunca poder conquistar seu afeto e amor sem as virtudes financeiras
dos abastados brancos e por isso apelou ao poço por meses a fio. Poço,
pai indireto de muitos segundo seu pai, que lhe contava as histórias
desde a tenra idade.
De certo muitos testemunhavam a favor de um misticismo
envolvendo o poço de maneira que o senhor de seu pai, Zulu Silveira,
apenas logrou sucesso com o mesmo. Vindo pra terras de pindorama,
falido e condenado pela coroa, pagou por seus pecados em terras
tupiniquins até que visando tirar do papel um projeto de moinho e
fábrica de farinha clamou ao poço dando-lhe oferendas de dobrões por
escravos que o executassem. Assim veio a ele dado por um amigo,
escravos como Zulu Silveira, escravos que compelidos ao trabalho
edificaram o projeto de seu senhor, Emmanuel Nogueira.
Porém, extenuado das longas jornadas de servidão, Zulu Silveira
clamava em seu âmago íntimo pelo descanso da liberdade e em segredo
pediu ao poço, com poucos dobrões custosos, por uma família livre.
Assim fora que engravidou sua mulher de João Silveria quando ainda no
percurso da gravidez se anunciou a lei do ventre livre e com notável
esperança, Zulu viu se formar no ventre da jovem negra o futuro de
uma família livre através de João Silveira.
João cresceu ouvindo as histórias do famigerado poço que estava
em meio a uma densa floresta no meio do nada, e quando cresceu seu
pai pediu para que ele vivesse o que nunca viveu. Fosse ao sabor do
vendo que lhe desvelaria os caminhos da liberdade e lhe dissesse aonde
eles deram, pois João teria como senhor apenas Deus.
Porém, com temor João viu sua liberdade cerceada pelas limitações
financeiras impostas pela sociedade, assim fugiu ao amor por Justine a
quem fintava seus cachos dourados em segredo, amar era o significado
75