Revista LiteraLivre 3ª edição | Page 47

LiteraLivre nº 3 Entrei de Gaiato Num Navio Cristina Bresser de Campos Curitiba-PR Professor de ginástica, resolvi faturar uma grana no verão dando aulas num navio. Fazia três dias e eu já estava muito arrependido. Sabe aquela história de drinks à beira da piscina, mulheres lindas e gorjeta em dólares? Esquece. Entrei de gaiato num navio, entrei pelo cano... Eu dava aulas o dia todo para um bando de gordas classe média que pagaram as passagens em 12 vezes sem juros. À noite era obrigado a ficar duas horas dançando com passageiras na boate. Nunca imaginei tantas mal-amadas no mundo. O cheiro dos perfumes adocicados nunca mais iria sair do meu nariz. Pensando nisso, entrei no elevador. Vazio. No canto avistei uma caixa de madeira escura com uma placa de bronze. Cheguei perto. Caralho! Dei um pulo para trás. Nisso entrou um garçom filipino. Apontando para a caixa, pedi a ele para ler. A hora que se tocou do significado, começou a chorar e gaguejar na língua dele. Portas escancaradas, chega um segurança italiano berrando. Era enorme e ainda por cima, fedido. MUITO fedido num terno de poliéster. ¬. Onde já se viu segurar o elevador? Eu e o Kim, o filipino, nos afastamos. Ele entrou e deu de cara com o objeto. Aproximou-se: ¬ Ma che cazzo....? Madonna! Caiu de joelhos e se benzeu! Logo reassumiu seu papel e nos ordenou retirar aquilo dali! Nisso, já havia uma multidão à nossa volta. Por sorte estávamos nos deques inferiores, apenas para o staff. Um marinheiro argentino veio ajudar. Quando fomos erguer a caixa, ele leu 41