Revista LiteraLivre 2ª Edição | Page 96

LiteraLivre nº 2 da brincadeira e numa fração de segundos ergueu-se da cadeira lembrando-se de regar a horta. O sol se punha mais rápido naquela estação menos quente, e a mulher enveredou-se pelo quintal determinada a concluir logo a empreitada. Não saía do seu pensamento a nova aquisição. Buscou na memória algum número para o qual pudesse ligar, sem resultado. Enumerou seus velhos conhecidos, de outras regiões do país, e nada. Encontrou dificuldades para estrear o telefone, e já não era mais a ausência de tecnologia. Enquanto voltava para o interior da casa, refletiu sobre seu isolamento. O celular estava à mesa. Ao seu alcance. Ligado com a bateria necessária. Inútil para Maria. Quem sabe dali alguns dias descobriria um número conhecido para ligar. A mulher cansada – pensativa – recostou seu corpo em sua mobília ouvindo tão somente a própria respiração. 90