LiteraLivre nº 2
precoce, fez dela ainda mais indiferente às novidades urbanas, e agora
estava ali envolta ao que não conhecia.
Subitamente foi interrogada sobre sua busca. Desafiada pela
insistência da vendedora, Maria relatou sua intenção:
– Quero comprar um telefone.
– A senhora tem algum modelo de celular de sua preferência?
– Não conheço bem esse negócio – Justificou asperamente a
mulher.
Diversos tipos de aparelhos lhe foram apresentados que receberam
o olhar curioso da cliente. Enquanto examinava cada um, pedia
explicações sobre seu uso.
A compra foi fechada, finalmente, e a mulher se retirou
carregando o pacote ¨esquisito¨. A proximidade com a tecnologia, pode-
se dizer que apenas iniciava. Enquanto isso, Maria abraçou a rua com
uma fisionomia mais confiante.
Seu retorno não fora percebido pela vizinhança que pouco a viam.
Sua casa estava como havia deixado: silenciosa, cafona e triste.
Antes mesmo de rever o aparelho comprado, abriu uma das janelas
para que a luz do dia entrasse – ainda forte – clareando sua sala.
Desembrulhou a caixa com uma delicadeza que não lhe era comum e
esquecida das orientações da vendedora, tratou de procurar o papelzinho
onde anotou os passos para o correto manuseio.
Ensaiou a digitação de números aleatórios com os dedos grossos e
quase sem tato. Num primeiro momento quis apenas brincar com as
teclas do aparelhinho sem qualquer objetivo. Familiarizou-se com os
comandos, mas ainda sem entender muito bem todos eles. Estava farta
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