Revista LiteraLivre 2ª Edição | Page 95

LiteraLivre nº 2 precoce, fez dela ainda mais indiferente às novidades urbanas, e agora estava ali envolta ao que não conhecia. Subitamente foi interrogada sobre sua busca. Desafiada pela insistência da vendedora, Maria relatou sua intenção: – Quero comprar um telefone. – A senhora tem algum modelo de celular de sua preferência? – Não conheço bem esse negócio – Justificou asperamente a mulher. Diversos tipos de aparelhos lhe foram apresentados que receberam o olhar curioso da cliente. Enquanto examinava cada um, pedia explicações sobre seu uso. A compra foi fechada, finalmente, e a mulher se retirou carregando o pacote ¨esquisito¨. A proximidade com a tecnologia, pode- se dizer que apenas iniciava. Enquanto isso, Maria abraçou a rua com uma fisionomia mais confiante. Seu retorno não fora percebido pela vizinhança que pouco a viam. Sua casa estava como havia deixado: silenciosa, cafona e triste. Antes mesmo de rever o aparelho comprado, abriu uma das janelas para que a luz do dia entrasse – ainda forte – clareando sua sala. Desembrulhou a caixa com uma delicadeza que não lhe era comum e esquecida das orientações da vendedora, tratou de procurar o papelzinho onde anotou os passos para o correto manuseio. Ensaiou a digitação de números aleatórios com os dedos grossos e quase sem tato. Num primeiro momento quis apenas brincar com as teclas do aparelhinho sem qualquer objetivo. Familiarizou-se com os comandos, mas ainda sem entender muito bem todos eles. Estava farta 89