LiteraLivre nº 2
MARGINALIZADOS
Rosimeire Leal da Motta Piredda
Vila Velha - ES
Choque social, visto como algo normal pela sociedade. O nada é sua maior
riqueza.
Sem tetos, mendigos, vadios, miseráveis, vagabundos... de vários nomes eles
são chamados.
Perambulando pela existência... errantes. Levando tralhas, sujos, fétidos,
marginalizados, pedindo esmolas, mas prefeririam um emprego. Cada um tem
uma história para contar, contudo, o passado está fechado num livro sem
páginas em branco. Nenhuma perspectiva, vagando dia após dia.
Todos passam longe deles, pois pensam: “São ladrões!” No entanto, foi a vida
que lhes roubou a integridade, a cidadania. Ou teria sido o destino?
Sem casa, morando nas ruas, debaixo de viadutos, dormindo sob as
marquises, praças, onde for possível.
Seu principal inimigo é a noite... trevas...
No inverno, o uivo do vento lhes murmura a injustiça social. Folhas secas voam
sobre eles... gesto de zombaria.
A poeira gruda em seus corpos, bloqueia a memória. Já não conseguem folhear
o álbum de suas lembranças felizes.
Choveu em cima deles, viraram lama. Tremem encolhidos, envolvendo a si
mesmos, apertam os dentes, as mãos e os pés, querendo resistir, sobreviver.
Na neblina tentam visualizar a passagem no tempo, onde o melhor de seus
sonhos se perderam. Porém, tentativa inútil: necessitam ajuda para encontrar
a saída deste labirinto.
http://www.rosimeiremotta.com.br/
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