LiteraLivre nº 2
Um vago solilóquio
Léo Ottesen
Rio Grande/RS
Um vago solilóquio me enleva pela deserticidade.
Ruas de pedra e terra e asfalto.
Salto do gato.
Brilho de estrelas.
E a companhia sempre presente da ausência.
A lua se cala diante da minha incompreensão.
E da minha reação atônita e exata.
Como se o silêncio sepulcral não fosse algo banal.
Como se eu esperasse alguma resposta
quando em verdade eu nem pergunto nada.
E o que diria, se eu perguntasse, o astro?
Haveria respostas à consciência desperta
ou ao descontentamento incerto?
Ou haveria outro questionamento cego:
por que conversas com uma rocha,
poeta?
É preciso questionar frequentemente nossa própria sanidade
[assim como a nossa existência.
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