LiteraLivre nº 2
Miniconto
Emanuele Sloboda
Rio de Janeiro/RJ
O raio estrondara o meu âmago. Atingira-me com o clarão da lucidez,
ocasionando a constatação do chicote engendrado por minha visão turva,
levando-me a acusar a irreal malignidade do destino. Clamei assistência,
inalcançado por todos os cantos onde minha voz poderia chegar, áspera
e ácida. Amei-me como em último ato, desesperada e cálida. Eis que me
veio a lembrança do rubor da mocidade. O timbre austero fora ingerido
por meu ser insatisfeito e caprichoso. Eis, agora, a plenitude em meu
semblante. Eis a chuva fina abençoando-me e suavizando a caminhada.
Hoje sinto em meu coração pulsante o entendimento ao me atentar aos
sussurros Paternais. Hoje é notório o quanto criança sou devido a tantas
lições necessárias ainda por virem. E eis o meu sorriso contínuo e
duradouro. Eis cada vento e sopro zelando-me como protetores
celestiais. Os machucados não causam mais cicatrizes e sim raízes,
erguendo-se e servindo sua rigidez para dar suporte a minha chegada ao
céu. Hoje, eis minha entrega, confessando-me ser réu em tudo dito não
merecer. Hoje, eis a humildade e não mais vaidade, tendo em meu
coração a morada da fé.
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