LiteraLivre nº 2
UM RETRATO DE MIM
Maria Beatriz Jurado
Esse olhar de luz cristalizada,
Suspenso da volumetria inconsistente
De fiapos celestes em fuga,
É o de hoje,
Como o foi sendo,
Muito embora.
Como outrora,
Falo e calo
Ainda e sempre
Na proa do arrebatamento,
Na agudíssima vibração
Do desalento,
Tolhida de espanto.
Canto
O equilíbrio imprevisto e sublime
Dos versos do Poeta,
Repetindo-me no estremecimento
Entre pausas e estâncias.
Declino
As minhas circunstâncias,
Em toada consoante,
No ritmo persistente,
De quem, de si,
Mais não sabe,
Nem compreende.
Tão sempre a mesma,
Vaga, perplexa, insegura,
Nem de si senhora,
Não se vislumbrando serva;
De tal sorte perdida,
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