LiteraLivre nº 1
brilhando. Novamente a claquete... Corta.
Na hora de dormir, a casa tão grande sempre em obras intermináveis. E era a hora
de ligar o alarme. A mamadeira da criança pequena, os pais com idade de avós.
A fantasia da brincadeira de casinha mesmo numa classe social onde não se vive
de sonhos, não há poesia, não interessa nada...Só Ter...Ser é besteira, pode-se fingir.
Dois anos depois, o marido subiu feito foguete. Recomeçou a pular a cerca. Afinal
sempre foi o seu passatempo predileto: mulheres, mulheres e mulheres. Elas nem
imaginavam que ele já estava de olho... E de repente com aquela voz de sedutor...
Um homem assim tem muitos amigos e conseguia muitos álibis. Mas, o desgaste
do cotidiano, a cara feia da mulher que não era besta nem nada e tantas
responsabilidades... O melhor era cair fora por um tempo e continuar a coleção: mulheres,
mulheres e mulheres...
Conquistava uma, duas, três... Era tão fácil parecia mágica... Ele dizia com aquela
voz sedutora: eu te amo... Depois abandonava uma, duas, três... Tanto faz, nem queria
saber se sofriam, se morriam, se choravam, se matavam...
Porém era um pai exemplar... Quando estava junto dos filhos, gostava de dizer
para eles: eu te amo, várias vezes...
Dizem que ele voltou para a mulher feia e maquiavélica, que era perfeita, deixou de
ser perfeita e com o tempo da separação tornou-se perfeita de novo.
Um
dia após o trabalho, foi beber um vinho com um dos amigos, no bar de
costume, e o tal amigo lhe perguntou;
- Diga-me uma coisa, por que você voltou para a mesma vida? Agora você está
num cargo de destaque, não precisa dela para nada... Quantas vezes vi você reclamar da
vida vazia... Mulher manipuladora, crianças pequenas dando trabalho... Por que não se
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