Revista LiteraLivre 1ª Edição | Page 37

LiteraLivre nº 1 brilhando. Novamente a claquete... Corta. Na hora de dormir, a casa tão grande sempre em obras intermináveis. E era a hora de ligar o alarme. A mamadeira da criança pequena, os pais com idade de avós. A fantasia da brincadeira de casinha mesmo numa classe social onde não se vive de sonhos, não há poesia, não interessa nada...Só Ter...Ser é besteira, pode-se fingir. Dois anos depois, o marido subiu feito foguete. Recomeçou a pular a cerca. Afinal sempre foi o seu passatempo predileto: mulheres, mulheres e mulheres. Elas nem imaginavam que ele já estava de olho... E de repente com aquela voz de sedutor... Um homem assim tem muitos amigos e conseguia muitos álibis. Mas, o desgaste do cotidiano, a cara feia da mulher que não era besta nem nada e tantas responsabilidades... O melhor era cair fora por um tempo e continuar a coleção: mulheres, mulheres e mulheres... Conquistava uma, duas, três... Era tão fácil parecia mágica... Ele dizia com aquela voz sedutora: eu te amo... Depois abandonava uma, duas, três... Tanto faz, nem queria saber se sofriam, se morriam, se choravam, se matavam... Porém era um pai exemplar... Quando estava junto dos filhos, gostava de dizer para eles: eu te amo, várias vezes... Dizem que ele voltou para a mulher feia e maquiavélica, que era perfeita, deixou de ser perfeita e com o tempo da separação tornou-se perfeita de novo. Um dia após o trabalho, foi beber um vinho com um dos amigos, no bar de costume, e o tal amigo lhe perguntou; - Diga-me uma coisa, por que você voltou para a mesma vida? Agora você está num cargo de destaque, não precisa dela para nada... Quantas vezes vi você reclamar da vida vazia... Mulher manipuladora, crianças pequenas dando trabalho... Por que não se 32