Revista LiteraLivre 19ª edição | Page 32

LiteraLivre Vl. 4 - nº 19 – Jan./Fev. de 2020 Ana Paula de Oliveira Gomes Fortaleza/CE Ação Sem Reação Será verdade o caso narrado pelo colega conversador de histórias? Segundo JJ, em algum lugar do sertão, família havia com dezesseis viventes – além do pai e da mãe. Seres vagantes no mundo a repartir do pão da vida. Habitantes de espaço minúsculo, repousavam o corpo cansado em todos os incômodos cômodos. Gente espraiada a descansar em qualquer lugar… De qualquer forma… Sem lamento algum. Qualquer como a qualquer um, as crias foram batizadas com a mesma inicial. Não se sabe exatamente o porquê, dezesseis nomes próprios grafados com a letra H. H de hoje, de hermética hesitação. H de hiato. H de hipotética herdade e hipnótica herança. Heráldica e Hilário, irmãos, estranhos entre si, nada mais eram que conhecidos desconhecidos a passar a noite na mesma cela. Repentinamente, o ranger enigmático de porta... Heráldica se apavorou. Apelou fraternalmente: – “Hilário, Hilário, acorda! Tão batendo na porta!” O irmão a dormir em estágio profundo... Por eternos minutos, sussurrou Heráldica: – “Hilário, Hilário, acorda! Tão batendo na porta, homem!” Ao longe, as palavras começavam a chegar. Sonho ou pesadelo? Recalcitrante, falou… – “Diga a ela que reaja...” Entrementes, misterioso som de ave noturna soberana “enxergante” na escuridão. Ruídos estrídulos, lamentos. https://engenhodeletras.blogspot.com/ @engenhodeletras [29]