LiteraLivre Vl. 4 - nº 19 – Jan./Fev. de 2020
Ana Paula de Oliveira Gomes
Fortaleza/CE
Ação Sem Reação
Será verdade o caso narrado pelo colega conversador de histórias?
Segundo JJ, em algum lugar do sertão, família havia com dezesseis viventes –
além do pai e da mãe. Seres vagantes no mundo a repartir do pão da vida.
Habitantes de espaço minúsculo, repousavam o corpo cansado em todos os
incômodos cômodos. Gente espraiada a descansar em qualquer lugar… De
qualquer forma… Sem lamento algum.
Qualquer como a qualquer um, as crias foram batizadas com a mesma
inicial. Não se sabe exatamente o porquê, dezesseis nomes próprios grafados
com a letra H. H de hoje, de hermética hesitação. H de hiato. H de hipotética
herdade e hipnótica herança.
Heráldica e Hilário, irmãos, estranhos entre si, nada mais eram que
conhecidos desconhecidos a passar a noite na mesma cela. Repentinamente, o
ranger enigmático de porta... Heráldica se apavorou. Apelou fraternalmente:
– “Hilário, Hilário, acorda! Tão batendo na porta!”
O irmão a dormir em estágio profundo...
Por eternos minutos, sussurrou Heráldica:
– “Hilário, Hilário, acorda! Tão batendo na porta, homem!”
Ao longe, as palavras começavam a chegar. Sonho ou pesadelo?
Recalcitrante, falou…
– “Diga a ela que reaja...”
Entrementes, misterioso som de ave noturna soberana “enxergante” na
escuridão. Ruídos estrídulos, lamentos.
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