LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
Guilherme Luz
Rio de Janeiro/RJ
Sorte da morte
Sento-me no banquinho
Aquele mesmo do passarinho
Que levou meu recadinho.
Ando cansado pela falta de esporte
Aguardo, fumando, à espera da morte.
Se o passarinho voltar,
terei muita sorte.
Será que ele volta antes da minha morte?
Aonde foi essa ave de pequeno porte?
Teria ele vivido a própria morte?
E há quem diga que amor é sorte.
Apago a palha do cigarro
Cof, cof, cof.
Escarro.
Levanto-me do banquinho
Depois eu volto para espreitar o passarinho
Sinto-me Severino,
Flagelado nordestino,
Caçador sertanejo da sorte,
Preso entre a vida e a morte.
Tem certeza que amor é sorte?
Sorte tem mesmo a morte,
que consegue todos que deseja
do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte.
Que sorte tem a morte.
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