LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
Wilson Duarte
Itatiba/SP
Lembranças…
Você se recorda por quanto tempo passamos juntos? Eu me lembro muito bem;
foi por quinze anos. Quinze anos de muito amor, de muito carinho, de muita
compreensão entre nós. Quantas vezes nos discordamos um do outro? Muito poucas
vezes, E, pelo contrário, vivenciamos uma infinidade de momentos em que o amor
imperava, mesmo quando tínhamos opiniões divergentes acerca de determinado
pensamento do outro. E assim o fizemos em toda e qualquer ocasião em que nossas
ações poderiam melindrar um ao outro.
Eu me recordo daquela ocasião em que decidimos por uma viagem e cada um de
nós tinha uma ideia diferente quanto ao destino. Eu queria ir à Inglaterra conhecer tudo
que se relacionava com a monarquia inglesa e você, por outro lado, queria ir à Itália,
conhecer o Vaticano, apreciar a Capela Sistina, em que Michelangelo deixou para a
posteridade o teto pintado de maneira infinitamente bela e perfeita. Visitar o Coliseu
Romano e outros lugares turísticos da cidade também constava em sua agenda.
Passamos semanas a discutir, sempre de maneira muito cordial, sobre qual o
destino da viagem, cada qual com seus mais profundos e sinceros argumentos, com o
intuito de decidir para onde viajar. Como a dúvida permanecia alguém, para ajudar-
nos, apresentou uma sugestão para que a decisão ocorresse através de um sorteio,
cujo resultado seria aceitado sem quaisquer dúvidas pelo outro. Proposta
aprovada, escrevemos então o nome de cada país em dois pequenos papéis e
estabelecemos como juiz do sorteio nosso filho de dez anos de idade. O resultado
apontou você como a ganhadora do sorteio. E viajamos então, ambos felizes, para
Roma, onde visitamos todos os lugares turísticos existentes. E assim passamos a
proceder com sorteios sempre que algo especial precisava ter uma definição e que
nossas posições estavam divergentes, o que nos deixava felizes, qualquer que
fosse o resultado de cada sorteio. No ano seguinte a viagem foi para a Inglaterra para
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