LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
Rodrigo Schevenck
na poltrona vermelha
corpo cansado
de não saber o que fazer
o intervalo entre o café
e a hora de dormir
são as horas aflitas
ser é um perigo
tudo é acidente
uma ação esbarra na outra
as louças sujas na pia
um convite
um propósito
a salvação está nas pequenas coisas
não lavo as louças
me agarro a elas
zelando pelo meu sofrimento
a torneira aberta
esse redemoinho
de água
de ideias
indo pelo ralo
estamos entupidos
desperdiço
água
tempo
vida
a barriga molhada
me deixa pronto
pro anticlímax
esfriando o desejo
de quebrar todas as louças
os dedos nem chegaram a enrugar
queria mais louça
queria mais água
e menos gosto de sabão
Limpol
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