Revista LiteraLivre 18ª edição | Page 16

LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019 montanha sagrada dos tuaregues. As montanhas que hoje chamamos com o nome de Atlas, organizadas a partir de oeste para leste em três faixas paralelas à costa do Mediterrâneo, são chamadas de vez “Deren”, pelos berberes. O início do período artístico das Cabeças Redondas, portanto, está seis mil anos antes de nossa era. O nome deriva da representação da figura humana, a cabeça sendo constituída por um espaço branco, redondo e vazio. Neste período ainda são sempre retratados animais que agora são típicos da África Negra, mas em um tamanho menor, e aparecem figuras humanas em diferentes atitudes e monstros e gigantes. A composição torna-se mais complexa e manifesta a sua intenção religiosa e mágica. Neste período há grafitos, como também pinturas, e a produção artística está geograficamente restrita a Tassili n'Ajjer (Argélia) e Acacus (Líbia). Segundo os defensores das teorias de influências alheias, o período das Cabeças Redondas seria o momento do desembarque de visitantes chegando de outros mundos e as Cabeças Redondas seriam representações de capacetes espaciais. Umas figuras, que os especialistas datam em volta do ano 5000 a.C., parecem levar um capacete globular, semelhante ao dos mergulhadores. Henri Lhote chamou a maior dessas imagens “o grande deus de Marte” ou “o astronauta”. Mas por que um astronauta devia levar um capacete, ficando pelo resto completamente nu? Seria mais provável que fossem máscaras rituais. Outros comentaristas, no entanto, perpetuam o mito dos alheios e detectam diferentes figuras que parecem flutuar no espaço, na ausência de gravidade. Os cultores da cultura xamanista tendem a atribuir isso ao consumo de alucinógenos. Seria suficiente um pequeno esforço de documentação para resolver a questão. Em uma interessante coleção fotográfica, Eric Baschet mostra a seqüência de um funeral, fotografada na região do lago Chade, por volta de 1920 (BASCHET E., 1900. L'Afrique découvre l'Europe, pp. 64-65). “Um homem morreu. O corpo é envolvido com tiras de algodão, combinadas com tiras de couro, e um manto sobreposto. Ele foi escorregado em uma cova rasa e foi então enterrado em uma posição sentada, com a cabeça coberta por um grande vaso de barro”. Nas imagens da sequência, não pudemos deixar de observar que o [13]