LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
Caroline Cristina Pinto Souza
Botucatu/SP
Estrondos de Tango
Calçados num ziguezague infrene,
Os lábios de cada um criando arpejos de ardor,
Cifrado laço numa staccata sirene,
Devasso sentimento, despido pudor.
Meus salientes sabres dentes
Contíguos aos pardos ouvidos,
Numa fermata envolvente,
O compasso pervertido.
Dois a dois nossos rastros no solo
Orquestrados mediante a volta e a ida,
Desde o centro ao diagonal polo,
Coreografia valentemente munida.
O palco preenchido pelos timbres friccionados,
A plateia em acústico desnorteio,
Num duelo de impulsos, melífluo fado
A trajetória regida por um híbrido roteiro.
O som, por fim, se cala. Meu corpo, ao de Lola, adjacente.
Numa silenciosa escala, nos encaramos, em afetuoso quociente.
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