LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
O primeiro homem ocidental a denunciar a existência nas montanhas de
Tassili de cavernas com pinturas policromadas e grafitos foi o capitão Cortier, em
1909. Depois dele, seguiram o tenente Gardel e Conrad Kilian em 1928. Em
1932, dois oficiais descobriram as primeiras pinturas de carruagens puxadas por
cavalos. Henri Lhote, conhecido como o descobridor do corpus mais importante
de pinturas rupestres saarianas, em torno da enorme rocha de Tassili, com uma
série de inquéritos de investigação, iniciada em 1956, sugere que a grande pista
travessando o deserto correspondia com a “estrada dos carros”, ao longo da
borda leste da bacia dum antigo lago, agora ocupada pelo deserto de areia do
Grande Erg Oriental. Esta hipótese permitiu-lhe propor a identificação dos nomes
Alasi e Balsa, mencionados por Plínio no relatório do triunfo da Balbo, com Ilesy
(lugar assim nomeado pelos Tuaregues, e renomeado Fort-Polignac durante a
colonização francesa), ao sul de Ghadamès, e com Abalessa, uma pequena
cidade no maciço de Ahaggar. Na fortaleza de Abalessa foram encontrados
vestígios romanos: restos de um vaso, lâmpadas e moedas com a efígie do
imperador Constantino. Finalmente, no relatório do triunfo de Cornélio Balbo, um
nome aparece: Dasibari, atribuído a um rio. Lhote especulou que o rio tinha que
ser o Níger, chamado “o rio grande “, até hoje, por todas as pessoas que vivem
ao longo de suas margens. “O rio grande” é dito Djoli-ba na língua Bambara-
Malinke e Isabari na lingua Sonrhai (falada hoje na região de Gao e Timbuktu, no
extremo norte da grande curva do rio Níger). “Da Isa Bari”, seria, portanto, “o
grande rio do Da”, e Da, ainda hoje são chamados “mestres do rio” (LHOTE,
1976, pp. 226 - 228).
De acordo com Plínio, a Legião III Augusta, comandada por Cornélio Balbo,
foi em direção ao sul através Alasi e Balsa, até vários rios, incluindo o Dasibari.
De acordo com Lhote, o legado romano poderia ter seguido o “trilho dos carros”,
a antiga rota de caravanas que corria ao longo da margem leste do Bahr Attla, o
“Mar da Atlântida” também mencionado em um livro da Bíblia, o Livro dos
Jubileus, que faz parte da Bíblia hebraica e copta, enquanto que na tradição
católica é considerado um texto apócrifo. Este livro lista todas as genealogias de
[15]