LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
Alberto Arecchi
Pavia (Itália)
Viagem espacial, ou para outra vida?
O “Astronauta” do Saara pode representar um ritual funerário
Nos anos cinquenta do século passado, o explorador francês Henri Lhote
organizou uma expedição no planalto de Tassili n'Ajjer, no sudeste da Argélia,
acompanhado pelo guia tuaregue Djebrin. Eles meticulosamente copiaram os
desenhos rupestres, estudaram e catalogaram um grande número de pinturas e
grafitos, sobre essas rochas fora do mundo. Na localidade de Jabaren
encontraram as pinturas mais bonitas: cinco mil imagens que evocam a simbiose
de dois povos, os negros, antepassados dos pastores Fulanos (Peuls) e os
brancos, ancestrais dos berberes de hoje. As pinturas datam de tempos pré-
históricos e representam animais que desapareceram do Saara secado, cenas de
caça e de sexo, deuses com cabeça de pássaro, como os dos egípcios, os carros
para jogo ou combate dos lendários Garamantes: a maior galeria de arte do
mundo, evocativa e misteriosa, ao ar livre. Então o deserto de hoje era fértil, há
doze a dois mil anos, até chegar uma época de grandes mudanças climáticas.
No planalto de Tassili se encontram figuras enigmáticas que parecem nadar
ou flutuar no ar e outras com cabeças redondas, que parecem levar capacetes e
fatos de mergulhadores ou - como alguns têm vindo a assumir - trajes espaciais.
Nasceram histórias que indicariam as origens da antiga Atlântida no Saara e
outros mitos que representam uma chegada de alheios.
Em todo o Saara Ocidental, em particular sobre as grandes cadeias de
montanhas (Ahaggar, Tassili, Aïr, Tibesti, Fezzan), há dezenas de milhares de
cenas pintadas e de grafitos, em 16 estilos diferentes, distribuídos ao longo de
um período de tempo muito extenso. As mais antigas das pinturas são datadas
em volta de 8000 a.C., e cerca de 2500 a. C. as pinturas com figuras de cabeças
de gado, em volta de 1500 a. C. aquelas em que os cavalos aparecem (de acordo
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