LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
Lis Souto Maior
Recife/PE
Espanto
A olhar pela janela distraída,
Seguia apreciando o caminho,
Quando uma magra mulher
Na rua a atenção me chama.
Agastada pela dor, ela caminha,
Com curtos e sofridos passos,
Como se atrevidos espinhos,
Ferissem os já doloridos pés.
Ela anda por entre os carros,
Com o corpo coberto por trapos,
A dor exposta no rosto sofrido,
E nas pernas trêmulas e tortas.
Provoca um singular espanto,
O sentir que esta visão desperta.
Não por ser um sentir estranho
Mas pelo significado que revela
O sentir foi como se tivesse visto,
No lugar da triste e magra mulher,
Um animal abandonado e sofrido,
Ignorado por quem por ele passa.
[119]