Revista LiteraLivre 16ª edição | Página 216

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 Vejo-te ir e vir com os passos leves, o mesmo agradável estilo, a mesma e continua leveza. Eu sei, até os anjos te admiram e suspiram quando você passa. Se soubesse como sua não permanência ao meu lado ainda me custa e traz dor, se pudesse ao menos entender a minha necessidade de tê-lo junto a mim. Não quero jamais que isso soe como obsessão, de fato não é apesar da urgência da sua existência junto a minha. Continuo existindo, persistindo nas minhas emoções que costumam vir à superfície e me trazer uma carga esgotável de dor. Encaro os fatos com amadurecimento e até entendo as suas escolhas, mesmo não podendo muda-las, simplesmente as respeito e sigo acreditando que um dia os anjos cantaram ao nosso favor, me trazendo você. Anseio por um beijo seu, pelo toque das suas mãos, pelo perfume que tem o seu cabelo, pela tua permanência infindável ainda que sabendo que talvez jamais a possua. Tudo bem, realmente tá tudo bem. Já escutei muitas histórias e sei que outras pessoas também amam em silêncio, afinal, o que poderíamos fazer? ... a prece me carece e basta, eu já aceitei e sabe de uma coisa? Até torço pela sua felicidade, mesmo que não venha a ser junto de mim. Quero que saiba que se um dia desejar voltar atrás e houver a necessidade de me ter junto a ti, ainda encontrará um coração puro e dedicado a você. Espero sobreviver até lá e ainda peço que esse dia chegue logo, eu o anseio com certa urgência. Desde que descobri que estou doente e que talvez brevemente falte vida, passei a me preocupar com sua permanência aqui, com quem cuidaria de ti, com quem lhe traria conforto quando precisasse. Sei que sou apenas um amigo muito querido, assim como sei que em sua cabeça nem se passa a ideia de que sou completa e perdidamente apaixonado por você. Eu estarei sempre aqui, sempre, e talvez até sempre, pelo menos até que me reste folego. Com amor e saudades, E.N. 02/04/19 213