LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019
O papel do rondonista se fazia muito maior do que apenas auxiliar com
conhecimento. Um período de doação e entreguismo ao próximo, marcado pela
responsabilidade e dever com a população local.
Pessoas tão fechadas, com sentimento tão distante, que aos poucos foram
desabrochando uma felicidade inspiradora. Tanta riqueza, tantas experiencias
reunidas em um só lugar. Por trás de cada olhar, uma história, uma vida que se
revelava, tão encantadora e inspiradora. As capacitações, se tornaram
verdadeiras salas de aula, em que todos eram os alunos.
As oficinas e capacitações, foram sendo preenchidas, e cada vez mais pessoas se
interessavam por temas tão variados. Saúde, Educação, Trabalho, Meio
Ambiente, etc. temas tão comuns, mas com perspectivas tão diferentes. Oficinas
cheias de pessoas tão curiosas que iam mostrando um total desconhecido, e
revelando aos poucos mais uma das faces dos Brazis de um mesmo Brasil.
A satisfação única, ao perceber que mesmo diante de tantas dificuldades, ainda
existiam heróis. Que mesmo ali, naquela comunidade existiam pessoas que
nadavam contra a corrente, e apostavam em um futuro melhor.
Oficinas que deveriam durar poucas horas, se estendiam ao longo do dia,
conversas e bate-papos que renderam amizades e muito aprendizado. Pessoas
que muitas vezes se encantavam com um Bom Dia. Horas em que tudo o que
precisavam se resumia a atenção e companheirismo. Minutos e segundos que
iam ficando para trás, sempre acompanhados com um “Deus te abençoe” ou
“Deus lhe pague”.
O tempo aos poucos veio a se tornar escasso e a despedida se tornava algo cada
vez mais inevitável. Olhar nos olhos das pessoas, e ver um brilho diferente, uma
vontade que se acendia. Tentar lidar com perguntas como “Quando vocês vão
voltar?” e não saber a resposta.
Entre os rondonistas uma sensação estranha tomava conta do ambiente. Dever
cumprido? Quando será a nossa volta pra cá? Difícil lidar com a saudade de casa,
e ao mesmo tempo perceber que viemos de tão longe, mas este agora também é
meu lugar.
A maior alegria vem do rondonista, ao perceber que pode fazer a diferença. Que
independe da formação pode ser capaz de plantar sementinhas, em muitos
casos, deixar verdadeiras plantações de futuros agentes transformação. Se
dedicar a outras pessoas e deixar nelas uma marca de esperança, alegria e
inspiração.
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