Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 178

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 O papel do rondonista se fazia muito maior do que apenas auxiliar com conhecimento. Um período de doação e entreguismo ao próximo, marcado pela responsabilidade e dever com a população local. Pessoas tão fechadas, com sentimento tão distante, que aos poucos foram desabrochando uma felicidade inspiradora. Tanta riqueza, tantas experiencias reunidas em um só lugar. Por trás de cada olhar, uma história, uma vida que se revelava, tão encantadora e inspiradora. As capacitações, se tornaram verdadeiras salas de aula, em que todos eram os alunos. As oficinas e capacitações, foram sendo preenchidas, e cada vez mais pessoas se interessavam por temas tão variados. Saúde, Educação, Trabalho, Meio Ambiente, etc. temas tão comuns, mas com perspectivas tão diferentes. Oficinas cheias de pessoas tão curiosas que iam mostrando um total desconhecido, e revelando aos poucos mais uma das faces dos Brazis de um mesmo Brasil. A satisfação única, ao perceber que mesmo diante de tantas dificuldades, ainda existiam heróis. Que mesmo ali, naquela comunidade existiam pessoas que nadavam contra a corrente, e apostavam em um futuro melhor. Oficinas que deveriam durar poucas horas, se estendiam ao longo do dia, conversas e bate-papos que renderam amizades e muito aprendizado. Pessoas que muitas vezes se encantavam com um Bom Dia. Horas em que tudo o que precisavam se resumia a atenção e companheirismo. Minutos e segundos que iam ficando para trás, sempre acompanhados com um “Deus te abençoe” ou “Deus lhe pague”. O tempo aos poucos veio a se tornar escasso e a despedida se tornava algo cada vez mais inevitável. Olhar nos olhos das pessoas, e ver um brilho diferente, uma vontade que se acendia. Tentar lidar com perguntas como “Quando vocês vão voltar?” e não saber a resposta. Entre os rondonistas uma sensação estranha tomava conta do ambiente. Dever cumprido? Quando será a nossa volta pra cá? Difícil lidar com a saudade de casa, e ao mesmo tempo perceber que viemos de tão longe, mas este agora também é meu lugar. A maior alegria vem do rondonista, ao perceber que pode fazer a diferença. Que independe da formação pode ser capaz de plantar sementinhas, em muitos casos, deixar verdadeiras plantações de futuros agentes transformação. Se dedicar a outras pessoas e deixar nelas uma marca de esperança, alegria e inspiração. 175