LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019
O pretenso
Sarita Bezerra
Juazeiro do Norte/CE
Não acredito que existam pessoas sem transtornos psicológicos. Acredito que
existam os conhecedores ou não das muitas letras e ciências. Os que se
apoderam dessas armas, valendo-se delas para, com muita eloquência, despistar,
encobrir, camuflar sua verdadeira natureza, que é, essencialmente, problemática.
São os que me enojam, os que desconfio com demasia em comparação ao
primeiro grupo. Visto que encobrem sua personalidade com uma roupagem de
“ser perfeito”, habitável em qualquer campo, deixando os “problemáticos” ainda
mais loucos à procura de tal perfeição. Eles se mostram psicologicamente “bem-
sucedidos” e ainda julgam, com caráter penoso e por trás de seus muros de 10
metros onde ninguém entra nem sai, os doentes, os problemáticos, os
descobertos, os seres normais e desprovidos de artimanhas protetoras.
Assim foi Pedro, o apóstolo que não abandonaria e, se preciso fosse, morreria por
Jesus, mas que negou seu Senhor por três vezes antes que o galo cantasse. Ele
vestira a roupa da impetuosidade, da coragem, do homem Homem, do valente,
mas não passava de um negador, medroso, vulnerável e de espírito instável por
trás de supermuros.
Assim somos eu, você e Thomas.
Thomas era homem de aspecto puro, culto, eloquente, intocável. Ser de visível
magnitude e exacerbante inteligência. Ele não era arrogante, nem do tipo bobo
que se pode humilhar. Thomas era modelo, fonte, Thomas era ponto de partida.
De sua boca jorravam valorosas lições que declamava com maestria. Onde? Nos
discursos motivacionais da vida. Era ilustre tê-lo por perto, ouvi-lo.
Suas alocuções eram introduzidas por dados estatísticos que comprovavam o
crescente e incontestável número de pessoas sendo objetos de estudo da
psicopatologia. À proporção que ditava os números e características, os ouvintes,
conscientemente, encaixavam-se ao modelo apresentado. E ao mesmo tempo
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