Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 163

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 mas isso só ele, o dono não do bairro mas apenas da casa-museu, ainda que por futura, saberia dar sossego às mentes inquietas, para não ser utilizada expressão eventualmente mais satirizante. O escuro era tanto que nem com os feixes de luzes das varandas se percebia em concreto tudo o que sucedia no parque de estacionamento, o qual era iluminado o suficiente. Mas por pouco mais, pois um rapaz por ali passando, nada ao acaso, atirou uma pedra certeira e em cheio para o candeeiro mais próximo do teatro de rua, parecendo com isso poder acabar a peça, visto ser insuficiente toda a luz adicional em porta-chaves e varandas, ainda para gáudio supremo da assistência quando as chaves na mão testemunharam fim de iluminação então acesa especialmente para elas. O sujeito ficou danado pois no entretanto quase nada via ele nem mesmo cão zombando de seu dono, que é como quem escreve, de si próprio, pressentindo ser finalmente hora de regresso, tal e qual mulher dele ralhava por bem ou mal ou até pelos dois, quase num altifalante feito seu telefone. Nas varandas batiam-se palmas e o carro viu-se finalmente livre de passageiro, ainda que encoberto pela escuridão adjacente da noite amiga. Mas por pouco tempo, já não iria fazer o que queria tanto, razão pela qual ligou o motor e lá foi no seu destino falando consigo ou talvez com heterónimo ainda não conhecido sobre «O que iria fazer também não é assim tão importante.» Na rua onde tudo se passou, o cão finalmente puxava com triunfalismo ainda que cansado e muito, o homem vergado na sua «Coscuriosidade» dita mais adiante dentro do automóvel dali saído instantes volvidos, ou talvez não no dizer seu «Em situação esta fiquei desconhecedor do vizinho ou quem fosse ele e para onde iria mas também eu estava ali porque gosto de apanhar ar. Só isso. Quem ele é ou o que possui aqui no bairro torna-se nada importante para mim. Eu não sou curioso nem coscuvilheiro. Nem mesmo se aplica à minha pessoa a junção das palavras duas. Minha sentença por inteiro.» https://www.facebook.com/luisamorimeditions 160